Considerando que eu estou em uma contagem regressiva para a maior aventura do meu recesso (pra não usar o termo greve) - minha viagem de 6 dias (contando ida e volta de ônibus) ao Rio de Janeiro para o acampamento da igreja, que no momento parece o maior evento da história dos eventos - nada mais justo do que falar sobre um sentimento que tem me perseguido há pelo menos 3 meses, já que faz 4 que eu não saio dessa cidade: a minha vontade de viajar, já que a língua portuguesa não tem um termo correspondente a wanderlust. Este é, tipo, o terceiro post onde eu falo sobre o assunto, mas esse desejo está tão presente agora que eu não estou fazendo nada que eu preciso falar outra vez.
Mas antes de eu começar a falar da minha necessidade de conhecer o mundo e da minha alma de cigana, eu quero deixar duas coisas claras: Primeiro, eu amo o Brasil. Sério. Eu amo a cultura, amo as pessoas, amo a comida (principalmente a comida) (eu trabalho com a verdade aqui). Todas as críticas que eu tenho a fazer a este país são feitas por amor e eu nunca deixaria ninguém de fora tecer suas próprias críticas porque é o meu país, e eu tenho orgulho de ter nascido aqui. (Eu me sinto da mesma forma sobre o nordeste e a Bahia, apesar de não amar com tanta vontade a cidade onde nasci - mas isso é outra história). E segundo, eu tenho vários amigos que não sonham com uma vida longe de casa. Nem pensam na possibilidade de viajar para fora do país. E eu respeito isso muito, muito mesmo. Esse post todo é sobre como eu me sinto e se você não concorda comigo, eu não acho que sua vida será menos plena por isso. (Apesar de o uso da imagem abaixo fazer parecer que eu acho que isso) (Eu só gostei dessa citação, gente).
"O mundo é um livro e aqueles que não viajam leem apenas uma página" Santo Agostinho
Tudo isso tendo sido dito, deixem eu resumir meus sentimentos: a superfície deste planeta tem cerca de 510.072.000 km² e eu só estarei por aqui uma vez, durante toda existência deste lugar maravilhoso, como eu posso não aproveitar essa chance única para conhecer cada centímetro? Existem 7 bilhões e 125 milhões de almas completamente diferentes uma da outra lá fora, cada uma podendo me ensinar uma coisa, marcar minha vida de uma forma diferente, como eu posso não tentar conhecer o máximo possível delas? Toda a cultura, toda a arte, toda a história, como eu posso ignorar tudo que está gritando pra ser descoberto? E eu sei que eu sou jovem e que ainda vou ter tempo de conhecer muita coisa, mas a questão é que a ideia de que estou no mesmo país, convivendo com as mesmas pessoas e lidando diariamente com a mesma cultura há DEZESSETE ANOS me deixa ansiosa de uma forma nada saudável.
Faz todo sentido quando você pensa que eu sou inquieta e não consigo me concentrar em nada por mais de 4 segundos. Eu tenho uma mente hiperativa e meu corpo está desesperado para acompanhar esse ritmo. E ao contrário de muita gente, eu não gosto de ir para outros lugares, eu gosto do caminho também. Eu não me importo de não ter nada pra fazer por 18 horas dentro de um ônibus, ficar 7 horas esperando a conexão de um voo ou viajar 2 dias de carro atravessando 3 estados (já fiz todas essas coisas). Eu até meio que amo isso. Esperar pra mim significa a desculpa perfeita para não fazer nada além de ler e/ou ouvir música ou apenas observar o ambiente à minha volta e ficar inspirada. Você nunca vai me ver reclamar de ter chances de fazer isso. (Sim, eu sei que ter dito que sou inquieta e depois que não ligo de ficar parada por 18 horas não fez o mínimo sentido, mas é assim que eu funciono, o que eu posso fazer?) (Além disso, essa nem é a única declaração antitética desse post. Apenas tentem me entender, okay?).
E falando em reclamar, eu sei que no fim das minhas férias eu estava desesperada para voltar pra casa, mas é justamente disso que eu estou falando aqui: eu não consigo ficar muito tempo no mesmo lugar e passar um mês no Rio fez com que eu me acostumasse e ficar sem fazer nada em um mesmo lugar é a pior coisa do mundo pra mim (prova disso é o fato de eu estar sem aula há exatas 3 semanas e estar mais estressada que muito empresário por aí). Não me entendam mal, eu gosto da ideia de ter um "lar", um lugar para onde voltar, um endereço. Eu nem gosto de mudar de casa o tempo todo e até gosto de ter uma rotina (e tenho sentido muita falta da minha, inclusive). Só que eu ainda não encontrei o lugar onde eu quero fazer minha morada definitiva, por assim dizer, e mesmo que uma parte enorme de mim acredite que este lugar possa ser New York (sim, sou clichê pra caramba e não estou nem aí), eu preciso sair para explorar. E até depois que encontrar esse lar, ele será apenas meu porto, de onde eu vou sair para explorar e voltar apenas quando quiser segurança e calmaria. (Porque muitas vezes isso é tudo que eu preciso).
Eu sei que já falei sobre ter herdado a alma de cigana da minha mãe, mas essa vontade de desbravar o mundo se tornou muito mais profunda este ano do que costumava ser. Eu tenho descoberto muito sobre mim mesma ultimamente. Sobre meus sonhos, meus desejos, sobre quem eu quero ser quando crescer. É bem estressante o fato de eu só ter 17 anos e não poder deixar tudo pra trás e ir pra Romênia com passagem só de ida, mas eu já cansei de ficar olhando posts no Tumblr e pensando "Queria que minha vida fosse assim", agora minha linha de pensamento é "O que eu posso fazer para minha vida ser assim?". Então eu tenho criado objetivos simples e básicos que vão me ajudar quando eu realmente puder viajar tanto quanto quero, como por exemplo: comprar guias de viagens de lugares que eu amo, voltar a praticar meu francês, guardar dinheiro em um cofre que só será aberto em 5 anos. É muito mais simples e bonito na teoria do que na prática, mas como eu também já eu disse anteriormente, o pensamento de que onde eu estou no momento (tanto figurativa, quanto literalmente) não é onde eu passarei o resto da minha vida, é o que tem me movido.
Os meus desejos para a vida continuam os mesmos que fizeram todo mundo revirar os olhos ano passado: morar um ano em cada capital européia, fazer missões em países do terceiro mundo, conhecer todas as cidades históricas do Brasil, passar férias em todas as ilhas da América Central, aprender a me comunicar em alguma linguagem nativa africana direto da fonte e escrever um livro em cada um desses lugares, entre outras coisas. Talvez eu não consiga fazer isso tudo, mas não é o objetivo que me motiva, é o processo de tentar. Quero que minha vida seja sobre aproveitar o caminho, não o destino final.
G.