ADVINHA SÓ QUEM ESTÁ DE VOLTA ÀS AULAS? EU POSSO OUVIR UM AMÉM? Depois de 3 meses e 12 dias sem aula, entre greves e paralisações, minhas aulas voltaram na segunda e voltaram com tudo. Estou com vários trabalhos para fazer e com privação de sono (só 5% do meu cérebro está funcionando) e tenho aula amanhã, mas surpreendentemente estou mais saudável do que estava durante a greve porque voltei a ter uma rotina. Resumindo, eu estou feliz, apesar de estar sonhando com o fim do primeiro semestre (e de poder descansar sem nenhuma culpa na cabeça). De qualquer forma, eu sei que este não é um post dos #PostsAleatóriosEmAgosto (virou uma hashtag pra ficar mais legal), mas antes de prometer postar só sobre temas aleatórios em agosto, eu prometi que falaria sobre a faculdade sempre, para vocês saberem como as coisas estão, então achei justo aproveitar a semana em que minhas aulas voltaram para atualizar o Procrastinando Em Classe.
Eu sei que sou uma aluna do primeiro semestre (e tenho sido há 6 meses) e que terminei o ensino médio só 9 meses atrás, mas eu tenho ouvido tanta gente que estudou comigo dizendo que está sentindo falta do ensino médio que a única conclusão a qual eu consigo chegar é: esse povo é completamente doido. Não tem como sentir falta do ensino médio, gente. É como sentir falta da prisão, só que pior, porque pelo menos na prisão tem cama e comida de graça. Eu acho que é uma coisa você sentir falta de ver seus amigos todos os dias (e eu sinto, porque agora só os vejo uma vez a cada dois meses), outra coisa é sentir falta de ter sua alma e suas esperanças destroçadas pelo sistema educacional que te faz se sentir mal por não saber algo que nem mesmo os professores que não são daquela matéria sabem. E nem adianta dizer que só a minha experiência do ensino médio foi ruim: minha irmã mais nova acaba de começar o primeiro ano e ao ver as picuinhas entre colegas, os problemas com professores e as exigências desumanas que a escola faz a ela, assim como fez comigo, eu agradeço de joelhos por já ter me livrado disso. Mas - se mesmo depois de ler esses motivos lógicos - você continua sendo o tipo de pessoa que sente falta do ensino médio, eu gostaria de expôr em detalhes, porque a faculdade acabou com qualquer falta que eu pudesse sentir do ensino médio.

Alguém me explica como ele escreveu lá em cima?
Só pra começar, nada mais de pressão para o vestibular que é a maldita pior parte do ensino médio inteiro. E vamos encarar: Os 3 anos da sua vida que você passou naquela sala de aula foram só para o vestibular e depois que acabou, nada daquilo serve mais. Você dedica 3 anos inteiros para 6 horas (em média) de prova. É uma bosta, e eu queria muito poder dizer que todo seu esforço vale a pena, mas eu não posso dizer isso, porque eu acredito que o processo de entrada na universidade SÓ pelo vestibular é absurdo. A prova podia ser complementar, mas não se mede 3 anos de esforço em um dia. Além disso, dizer para um jovem de 17 anos que uma prova vai definir a vida dele inteira é assustador e estúpido. Acontece o tempo todo e me deixa me sentindo péssima quando um amigo meu chega para mim chorando e dizendo que é burro e que se não conseguir passar no vestibular logo a vida dele já era. É normal ter medo de algo importante, mas fazer sua felicidade depender de algo que pode dar errado por N fatores que em nada envolvem seu esforço ou sua inteligência não é certo. Sua nota naquela prova idiota não define nada, seu esforço define. Eu conheço pessoas que passaram 9 ANOS estudando para passar no vestibular e outros que deram a sorte de chutar certo as questões mais difíceis no Enem (o que te dá mais pontos do que quem chuta certo as questões mais fáceis, graças ao Teorema de Respostas), passaram de primeira e agora estão cursando algo que nem gostam. É a coisa mais arbitraria do mundo.
O fim do vestibular também acaba com o clima competitivo entre os alunos. Bem, pelo menos não no primeiro semestre, perguntem outra vez quando os estágios começarem. Minha turma, na verdade, trabalha em grupo muito fácil. Todo mundo se dá bem e no geral todo mundo se ajuda. O tempo em que as brigas em sala de aula sobre quem terá a futura profissão "mais importante" acabou. Isso pra não falar das brigas típicas de ensino médio, sobre motivos que vão desde "quem fez o melhor trabalho" até "pegou a pessoa que eu gostava". Eu nunca tive energia para esse tipo de coisa, então só ouvia e revirava os olhos (internamente, porque revirar os olhos em sala de aula deu ruim pra mim no ensino fundamental). Hoje em dia eu estudo com um monte de gente que também não tem mais energias para esse tipo de coisa. Universitário não tem tempo pra nada disso: Entre dormir e querer estar dormindo, não dá para se preocupar com o que os outros estão fazendo. É bem verdade que algumas pessoas não saem nunca do ensino médio, mas elas são exceções, graças a Deus.
E falando em pessoas, eu vivia reclamando que na escola você é forçada a conviver com pessoas completamente diferentes de você e que isso sempre causava discórdia. Bem, agora eu estudo com gente parecida comigo (eu disse parecida, não idêntica), até porque a gente quer a mesma profissão. Ainda não achei nenhum assunto sobre o qual eu não posso falar com o pessoal da faculdade, e também não tem ninguém da turma com quem eu não fale. Ninguém é normal, o que é ótimo. A gente também enfrenta os mesmos problemas (acordar cedo, não ter dinheiro, o artigo de história), a maioria é viciado em série (apesar de quase ninguém assistir as mesmas séries que eu - e de eu ser a pessoa que acompanha mais séries), música e, às vezes, livros. E tá todo mundo ferrado junto, o que é lindo de se ver.
Além disso tudo, universidade é muito mais que entrar em um prédio, ter conteúdo jogado na sua cabeça e sair de lá correndo sem entender nada. Apesar de nas primeiras semanas eu ter achado e até desejado que fosse - depois de 12 anos de escola a gente se acostuma. Mas agora que eu me acostumei (e passei 3 meses sentindo falta), eu não sinto a mínima falta de como as coisas costumavam ser. As aulas ensinam mais sobre a vida real e coisas com as quais eu me importo de verdade. Eu finalmente posso produzir trabalhos sobre assuntos que eu gosto e mesmo a avaliação sendo mais criteriosa isso só me ajuda a me dedicar mais. Agora tudo que eu preciso fazer é tomar vergonha na cara e aprender a participar das aulas.
Finalmente, estudando agora em uma área específica, que eu escolhi, não existem mais matérias em que eu não tenho a menor chance de ser boa. Claro que eu ainda tenho e ainda terei matérias que eu não gosto tanto e matérias complicadas, mas num quadro geral, as chances de eu passar em Português Instrumental I são muuuito maiores do que as de eu passar em Química Orgânica. Tendo ido para a minha área, mesmo que seja cansativo às vezes, pelo menos eu sei o que fazer para aprender. E aprender de verdade, não só decorar e esquecer logo depois da prova. Até porque nas provas da faculdade (pelo menos as que tive até agora), ou você sabe, ou já era.
Antes de ir, eu só queria pedir uma ajudinha: no começo da semana, minha professora de filosofia pediu para que quem escreve leve algum texto nas próximas aulas dela, para que ela comece a aula de uma forma mais leve. Desde então, eu não consigo decidir se levo alguma coisa ou não. Eu levo o fato de ser escritora muito a sério, mas eu não acho que meu estilo de escrita seja tão acadêmico. Claro que eu não levaria um post do blog (eu me reservo o direito de falar o que eu quiser aqui e isso às vezes é bem louco), nem um conto, porque meus contos são grandes demais (exceto Elena), seria um poema ou um ensaio. Minha preocupação não é ser ruim (OK, em partes é ser ruim, porque um artista não é nada sem insegurança), mas simplesmente não ter um estilo que combine com a situação. O que vocês acham??
Espero que vocês consigam ajudar. Vejo vocês semana que vem,
G.

P.S.: Eu estava organizando minha viagem para a Bienal do Livro (vou falar disso em breve, juro) e descobri que a Edições Uesb, editora da minha faculdade, vai ser expositora no Pavilhão Laranja. Achei muito legal.