As imagens deste post foram trazidas a vocês pela página Momentos marcantes da tv brasileira em francês, também conhecida como uma das melhores coisas que já aconteceram ao Facebook.

Bonsoir, mon amis. (Eu sei que quinta não é o começo da semana, a despeito do que eu disse no último post, ok? Esta semana foi confusa.) Para quem ainda não estava completamente informado a respeito, em junho deste ano eu comecei um desafio chamado 101 coisas em 1001 dias. Na ideia original você faz uma lista de pequenos desafios e metas para serem realizados e cumpridos num período de 1001 dias (um pouco mais de dois anos e meio), mas como eu sempre bugo com listas de metas e acabo ficando mais frustrada do que satisfeita no final, eu tive que criar minhas próprias regras para poder entrar no desafio. Elas incluem só acrescentar itens novos quando alguns dos atuais estiverem completos (como em 100 coisas para fazer antes do High School) e levar em consideração as coisas desafiadoras que eu fiz mesmo sem ter me desafiado. A lista aqui no blog tem 14 itens atualmente, mas ela será atualizada logo com mais alguns itens, já que eu já cumpri alguns (vários) dos itens iniciais, o que inclui o primeiro deles, que é o tema deste post: Voltar a treinar francês.
Vamos começar falando sobre todo meu histórico com a língua francesa. Meu último sobrenome é francês e desde que eu era pequena eu ouvia sobre como meus bisavós tinham vindo da França fugindo de uma guerra (não faço a mínima ideia de qual guerra foi, mas eu assumo que foi uma das duas mundiais.). Como alguém que queria mais que qualquer coisa saber falar todos os idiomas e dialetos do universo e morria de inveja de crianças poliglotas, eu ficava bem frustrada de que meus bisavós não tivessem passado o idioma para os netos deles, para que meu pai pudesse passar para mim. Assim sendo, lá no longínquo ano de 2011, minha superconfiante versão de 13 anos se considerou fluente no inglês que tinha aprendido sozinha nos três anos anteriores (hoje em dia eu tenho 18 anos, 8 anos de inglês nas costas e sou superinsegura sobre meu inglês, mesmo escrevendo textos em inglês o tempo todo. O que aconteceu??) e resolveu que era hora de começar a tentar aprender outra língua. Eu peguei emprestado um guia de viagem com francês básico na casa do meu tio (alguns podem dizer que eu roubei, mas, na verdade, eu tinha total intenção de devolvê-lo, só levou mais tempo do que eu esperava e três anos depois ele acabou comprando outro porque achou que tinha perdido o primeiro) e comecei a tentar aprender sozinha. Eu treinei a escrita por meses e até mesmo entrei em uma conversa com uma menina francesa que eu seguia no Twitter. Até aprendi a contar até duzentos em francês, mas o tempo passou e por alguma razão que eu não faço a mínima ideia de qual foi, eu parei de treinar e eventualmente fui perdendo a prática, até não conseguir mais começar uma conversação em francês. Em 2013 a única frase que eu me lembrava na hora em francês era a que é dita em Sophie's Choice. Depois de anos frustrada com a minha perda de prática, mas não fazendo nada a respeito, eu vi a lista como uma oportunidade perfeita de me obrigar a voltar a treinar a língua e eu estou surpresa por ter dado certo.



O plano era ouvir muita música em francês e assistir filmes franceses, masssss eu sou enrolada demais e ainda não comecei a fazer isso. Eu precisei arranjar uma outra forma, uma forma que fosse rápida, ocupasse meu tempo livre e tivesse um clima levemente competitivo para que minha alma meio virginiana ficasse contente. É isso mesmo que vocês estão pensando: O Duolingo. Para quem não estava pensando porque não conhece, o Duolingo é um aplicativo para línguas onde você pode treinar compreensão e (supostamente) pronúncia de várias línguas (digo supostamente porque eu não precisei de muito tempo para perceber que podia fazer qualquer som que o aplicativo dizia que eu tinha pronunciado a frase corretamente, então eu desativei o treinamento de pronúncia para ficar só com a compreensão). Nele você pode praticar diariamente pelo tempo que você quiser, a partir de 5 minutos, com atividades de leitura e audição da língua que incitam também o pensamento lógico. Eu sei que o Duolingo não funciona para muita gente e inclusive não funcionou para várias amigas minhas, mas funcionou para mim. Eu nem acreditei, na verdade, porque parecia mais um joguinho do que algo que ajudasse, mas digamos que quando eu ouço alguém falando francês, não parece um monte de coisas aleatórias para mim. Eu consigo diferenciar as palavras e, a depender da frase, entendê-las.
Por meses, eu fiquei só no Duolingo. Com altos e baixos porque eu sempre quero manter a ofensiva (número de dias sequenciais de treinamento) pelo tempo mais longo possível, mas eu também brigo excessivamente com o aplicativo. Por exemplo, o máximo de dias que eu treinei a língua sem interrupção foram 39 porque quando o horário de verão começou o dia começou a mudar mais cedo no aplicativo e eu não sabia disso, o que me fez acabar perdendo o 40º dia. Fiquei com raiva e passei mais de um mês sem usar o app, é claro. Também teve aquela vez em que o aplicativo disse que fazia dois dias que eu não treinava quando eu tinha certeza de que tinha treinado todos os últimos dias e nem tinha recebido a notificação para treinar que eles enviam todos os dias. (também não recebi ela hoje e precisei interromper a revisão do post quando percebi que faltava só meia hora para o dia mudar). A questão é que de uma forma ou de outra, eu sequer uso o Duolingo diariamente e frequentemente, só quando me desafio a fazer isso. (Ainda assim, de acordo com o aplicativo eu sou 11% fluente em francês). Então se eu quiser ser sincera, eu realmente preciso investir em outras formas de estudar francês se eu quiser saber alguma coisa da língua dos meus bisavós.


Algumas semanas atrás, minha irmã me mostrou um anúncio sobre uma escola originalmente só de inglês daqui começar uma turma de francês em 18 meses no começo de dezembro. Eu pensei que seria uma boa tentar algo assim, já que aprender francês de forma autodidata não é tão fácil quanto aprender inglês de forma autodidata (mais sobre isso lá embaixo), e, depois de visitar à escola três vezes, fazer vários cálculos diferentes, listar prós e contrasfazer uma enquete no Twitter e ser ajudada por várias pessoas (obrigada, gente), eu fiz uma aula experimental na última sexta-feira, dia 9. Minha maior preocupação era que fazer cursos de línguas não funcionasse para mim, mas na aula experimental ficou provado que não. Cursos de língua funcionariam para mim, desde que fossem como aquele, com conversação em toda aula. Porque o meu maior problema é a conversação e naquela aula eu meio que era forçada a pronunciar as palavras - e não só com a minha voz interior. Aquele curso específico não vai funcionar para mim, por causa do horário e por causa dos comentários homofóbicos do professor (ele começou a aula falando que saber francês ajudava a aprender romeno - especificamente - e eu fiquei super animada. Aí quando ele começou a falar sobre determinantes de palavras masculinas e femininas, ele soltou uns cinco comentários transfóbicos e homofóbicos de uma vez só. Eu fiquei só o gif da Tyra Banks dizendo "I WAS ROOTING FOR YOU, WE WERE ALL ROOTING FOR YOU" ou melhor "J'ÉTAIS ENRACINÉ POUR TOI, NOUS ÉTIONS TOUS ENRACINÉS POUR TOI") (eu traduzi a última frase para umas três línguas diferentes e ainda não tenho certeza se ela está certa, SOCORRO). Então eu vou tirar esse mês e no começo do ano que vem eu vou procurar alguns cursos de francês que combinem comigo e fazer mais 10 mil aulas experimentais se for necessário. Também quero ir atrás do teste de proficiência de inglês, para ter certeza se eu não deveria estar em um curso de inglês também.
E já que eu falei de inglês, a coisa toda de tentar aprender outra língua me fez perceber que aprender inglês é completamente diferente de aprender qualquer outra língua. Porque querendo ou não eu estou cercada de inglês. Eu acordo e pego meu celular da Apple, para checar o Twitter - onde um monte de gente que eu sigo conversa em inglês - e o Facebook. Um pouco depois de acordar é certo que eu vou ouvir músicas em inglês. Se tiver alguma notificação do YouTube eu provavelmente vou assistir um vídeo em inglês menos de uma hora depois de ter acordado. Se eu ligo a TV na Sky, existem dezenas de opções de filmes e séries em inglês com legenda em português. Se eu sair de casa, verei um monte de lojas com nomes como Alguma-Coisa Fashion, Burger King, By Derme, Lovetel, etc. Vocês entendem o que eu quero dizer? Não é a mesma coisa que viver em um país que fala inglês, é claro, mas não dá para esquecer a língua porque eu esbarro com ela o tempo todo e posso me afundar nela sem precisar sair do lugar. Mas também dá pra perceber que grande parte dessas coisas são situações que eu me envolvi porque eu realmente quis aprender inglês e aperfeiçoar a língua.
Enquanto eu pensava sobre isso, me dei conta de todas as coisas em francês que tinham me acompanhado na infância, como aquele perfume infantil chamado Ma Chérie que eu quebrei sem querer no dia em que minha mãe comprou e disse que se eu quebrasse passaria um ano sem perfume nenhum (detalhe: eu não tinha quebrado perfume nenhum anteriormente, ela apenas disse isso para que eu tomasse cuidado. Só porque ela falou, eu acabei quebrando sem querer). Ou como as peruas de novelas da Globo estão sempre falando de Je ne sais pas (que eu percebi/descobri que literalmente significa "eu não sei" e eu ainda não sei o que pensar sobre isso). A propaganda do petit gatêau do Giraffas. Ou a loja de departamento com a melhor sessão de papelaria do universo, a Le Biscuit. Então eu percebi que juntamente com o espanhol, o francês é mais fácil de ser absorvido naturalmente que outras línguas menos usadas. Graças a Deus pela globalização. Então o plano é, me envolver com francês mais do que eu me envolvo no momento. Graças à tatii, que tem um item parecido com o meu na lista de 101 em 1001 dela, eu agora sigo canais no YouTube com vídeos em francês e salvei mais de uma playlist com músicas em francês. Também tenho uma lista enorme de filmes em francês para ver que no post com a últimar atualização da lista, eu disse que ia maratonar e não maratonei até hoje. Mas pelo menos agora eu sei que se eu ainda estou em um nível tão baixo do francês (na verdade, sem querer me gabar, eu estou em um nível melhor do que eu pensava, até porque o professor que ministrou a aula experimental semana passada, perguntou se eu já tinha cursado francês porque minha pronúncia era melhor que o esperado para o básico. Ok, talvez eu esteja me gabando um pouquinho. Eu nunca pensei que fosse ter a pronúncia elogiada por um nativo!!!!!! Me deixem ter este momento) é porque eu não me envolvi mais com a língua. E então, eu terei mais facilidade em aprender outras línguas como romeno e suaíle - que são o verdadeiro objetivo.
G.


P.S.: Já que eu falei de suaíle queria comentar que eu me dei conta de que as duas vezes em que eu dei a louca de aprender francês, eu tinha me tornado fã de pessoas que sabiam falar francês. Ser fangirl tem vantagens.