BOM DIA! É MÊS LITERÁRIO! Um dos melhores meses do ano, onde absolutamente todos e cada um dos posts do Quebrei a máquina de escrever são sobre literatura. O que normalmente inclui contos, participações especiais, resenhas, homenagens e é claro os Diários Artísticos, onde eu falo sobre todo o processo de padecer no paraíso que é escrever. Este ano, como prometido, nós teremos um foco especial em As Crônicas de Kat, porque este é o último Mês Literário com a história sendo atualizada no blog. O mês inclusive começou com o capítulo 8 da segunda fase, Lullaby, e vai terminar com o capítulo 9 da segunda fase, Afterwolrds. O último capítulo já sai no mês que vem e o epílogo no começo de setembro. (Vocês acham que eu estou bem? Eu não estou nada bem). O post de hoje é uma entrada do Diário Artístico sobre um tema que nunca sai da minha cabeça e que se relaciona com As Crônicas de Kat se eu mudar o título do post para: 
Porque é mais fácil escrever sobre vampiras adolescentes destruindo demônios do que "sobre coisas normais da vida real".
Eu entrei em 2017 com uma ideia na cabeça: este seria o ano de fazer acontecer. Eu até dei aos 19 anos o nome de "a idade das experiências". Seria um ano mágico. O ano dos finalmentes. Ééééé, metade do ano depois essa ideia ainda está aberta a discussões. Eu estou indo e fazendo? Sim. Eu estou dizendo sim para oportunidades malucas, mesmo quando uma voz na minha cabeça diz que não é uma boa ideia, porque a voz da minha mãe que dizia para eu nunca jogar uma oportunidade fora é mais alta? Sim também. Mas não é como se tivesse acontecido muita coisa emocionante nos últimos tempos. E considerando que esse ano eu fiquei doente cerca de cinco vezes, sendo que a maioria das doenças durou semanas (eu ainda estou em choque porque desde o começo do mês passado eu não fico doente. De março ao começo de junho parece que foi direto, uma coisa atrás da outra e eu nunca conseguia descansar para melhorar), a única coisa que eu realmente fiz que me deixa feliz a beça foi ter viajado para Belo Horizonte. Será que as coisas vão mudar nos próximos meses? Eu realmente espero que sim, mas até o presente momento, minha vida segue o que sempre foi: Na minha imaginação, incrível. Fora dela, um tédio.
O que eu quero dizer é que eu não sinto que eu estou lá fora vivendo e descobrindo a vida de forma empírica. E se eu não conheço o mundo lá fora, como eu vou escrever sobre ele? Uma das minhas personagens preferidas na história, Imogem Grey de Além-Mundos, só conseguia realmente escrever depois de conhecer os personagens, entender o que eles estavam sentindo. Ela entrou no porta-malas de um carro para entender a primeira cena de um livro e só conseguiu escrever o começo de seu livro sobre medos depois que descobriu qual era seu medo. É assim que eu queria ser, mas eu não acho que as experiencias acumuladas nesses meus 19 anos de vida são válidas o suficiente para serem colocadas nas minhas histórias, então eu quero e preciso experimentar mais.


O fogo é a vida real, o cara digitando sou eu escrevendo
Eu tenho tentando buscar coragem e tempo para reunir todos os feedbacks que eu recebi de Mais Uma Vez durante os meses da betagem e enfrentar uma nova edição do livro antes de ir para leitura sensível (eu vou falar sobre isso em mais detalhes em outro Diário Artístico este mês), mas pelo que eu me lembro deles uma das principais críticas que eu recebi foi sobre o desenvolvimento de alguns personagens ou o relacionamento entre eles. Eu não levei a crítica para o lado pessoal no estilo "Eu sou uma escritora horrível", levei para o lado pessoal pensando "Eu sou ruim em me conectar com pessoas? Será que eu sei o que é uma amizade de verdade?". Outra coisa relacionada a MUV foi uma das minha betas ter me mandado um print de uma cena em que a Heather diz que a sensação do beijo era algo que só acontecia em livros e minha beta ter dito que acontecia na vida real também e eu ter pensado "Eu não teria como saber isso, teria?". Eu não tenho me preocupado se minha escrita faz de mim uma boa escritora. Tenho me preocupado se a vida que eu estou vivendo faz de mim uma boa escritora.
Uma das minhas características na escrita (vou deixar um editor me dizer se é um defeito um dia) é que eu tenho muitos personagens. Para aqueles que perderam a conta, a segunda fase de As Crônicas de Kat contou com 23 personagens citados pelo nome até agora, sendo que 20 apareceram em mais de um capítulo e eu vou introduzir mais duas. Ter muitos personagens me leva a pensar se todos os meus personagens não acabam sendo a mesma pessoa. Continuando em As Crônicas de Kat, a história tem treze personagens principais e considerando que eu sabia que algumas delas iam morrer, eu precisei pensar muito em como desenvolver a história de algumas das treze na segunda fase. (Se eu fiz um bom trabalho? Eu não faço ideia. Estou satisfeita com o resultado e não me arrependo da decisão de dar pontos de vista para cada uma das treze, mas sempre tem algo mais que eu poderia ter feito, uma profundidade maior para uma personagem que não teve tanto destaque e que tinha mais história a contar.). A única forma de criar personagens muito diferentes é conhecendo pessoas diferentes e entendendo que as pessoas pensam e vivenciam as coisas de formas diferentes. Se você só anda com pessoas com os mesmos gostos, as mesmas histórias e as mesmas características que você, você não pode, possivelmente, criar personagens diferentes. Uma das provas disso é o fato do meu número de personagens femininos e de personagens masculinos ser imensamente desproporcional - eu quase não convivo com homens. (Eu costumava ligar para isso. Not anymore.).
Se eu for ser completamente sincera, meus amigos são bem parecidos. É claro que todos eles tem características únicas, histórias próprias e etc, mas olhando de longe e no geral, você vai encontrar experiências parecidas ou interesses parecidos, é claro. Amigos são assim e seus amigos vão ter algo em comum contigo. Mas eu quero estar lá fora, convivendo com pessoas completamente diferentes. Pessoas que eu odeio, pessoas que eu adoro, pessoas que eu crusho, pessoas de quem eu tenho uma raiva inexplicável, pessoas que quase me matam quando me dão uma gotinha de atenção e pessoas de quem minha intuição diz para manter distância. Eu quero conhecer pessoas e me inspirar por elas. Não é a primeira vez que eu digo isso. Na verdade, amanhã vai fazer um ano que eu publiquei um texto sobre exatamente isso. Mas sabe quando você sente que tem passado pela mesma série de pessoas que pensam do mesmo jeito? Novas pessoas entram na sua vida, mas duas semanas depois você percebe que essas pessoas são só uma reprodução das velhas pessoas. Além disso, você cai na rotina de estar sempre fazendo as mesmas coisas e repetindo os mesmos passos e tudo se torna um tédio. Você se deixa perder naquela lógica e a criatividade vai embora junto.
O ponto de todo esse post longo em que eu falei demais sobre coisa nenhuma é: Eu estou em um ponto da vida em que "Escreva sobre o que você sabe" é menos sobre os livros que você leu e mais sobre as experiências que você acumulou e as pessoas com quem se conectou. E eu quero acumular mais e mais experiências e conhecer mais e mais pessoas. Eu quero estar lá fora dançando em telhados (sim, eu amo essa referência, vocês vão ter que me engolir).
G.