Eu estava pensando em como falaria sobre minha viagem e o acampamento no blog. Eu não queria deixar passar em branco, mas ao mesmo tempo não queria descrever como está sendo em detalhes e nem dizer porque tem sido tão importante para mim (ou eu seria obrigada a escrever um post do "Coisas sobre as quais nunca falamos"). Em resumo, eu tenho passado tempo com meus amigos, revivi algumas coisas importantes, tive e continuarei tendo momentos muito abençoadores no culto (sem brincadeira) e estou em um lugar completamente lindo (fiquei de olho no meu Instagram porque eu quero postar ao menos uma foto por dia). Eu também ouvi muita música, escrevi e li bastante (o post é sobre isso inclusive). Mas acima de tudo tenho tido tempo para pensar. Bem mais do que eu tive no mês que passei sem aulas até que o acampamento acontecesse. Eu tive um pouco de paz, que, na verdade, era o que eu mais precisava na vida.
Hoje que aconteceu algo que eu cheguei a pensar que eu tinha perdido, no ano louco que eu ando tendo - exatamente por isso que eu precisei achar uma forma de postar aqui, mesmo que rapidinho. Eu acho que vocês já sabem que em 2015 eu tenho lido bem menos do que li nos anos anteriores. Eu ando sem concentração, distraída e - de vez em quando - com bastante coisas para fazer. Eu estava sentindo muita falta de me perder em um livro, e mesmo que eu tenha passado algumas tardes lendo, era tudo muito forçado. Eu fiquei louca vendo minha lista de livros lidos em 2015 ainda estar em 13 livros quando junho começou. Achei preocupante que nenhum livro tivesse me encantado o suficiente para eu escrever a resenha mesmo depois de 5 meses inteiros. Eu cheguei a pensar nos momentos mais escuros, onde a esperança me abandonava, que - blasfêmia! pecado! absurdo! - eu tinha perdido parte do prazer de ler, e do - mais blasfêmia! mais pecado! mais absurdo! - meu amor por livros. E aí, depois de uma tarde inteira que eu - sem precisar me forçar a isso - fiquei sentada no mesmo lugar devorando páginas e mais páginas, mesmo depois que meu celular descarregou e eu fiquei sem músicas, Ligações colocou tudo no lugar.
Todo mundo sabe que eu amo a Rainbow Rowell. Ela ainda não estava na lista de escritores preferidos que fiz no último dia nacional do escritor, mas depois que eu li Fangirl ela definitivamente entrou na lista. Eu tenho e agora já li todos os livros dela - e até O Presente do Meu Grande Amor, que minha irmã me deu de presente de Natal, que só estava nos desejados por causa do conto dela - cada um mais apaixonante que o outro. O único livro dela que não tem resenha no blog é Anexos (leia a de Eleanor e Park aqui e a de Fangirl aqui), e ainda assim eu nem tenho certeza de porque isso aconteceu. Eu amei o livro, até o final dele, mesmo que não tenha sido exatamente como eu queria. E em Ligações, ela fez outra vez. Com todo seu humor ironicamente doce e personagens simples e complexos ao mesmo tempo, ela criou um livro que não dá pra largar, com personagens que te perseguem e de quem você quer ser amigos (fala sério, a Cat e o Levi de Fangirl fazem uma pequena aparição em Ligações e eu quase chorei com o momento que ela deu pra eles) (sem spoilers, mas sério, ainda estou com um bolo na garanta). Esta resenha foi escrita exatamente da mesma forma que eu escrevi a de Eleanor e Park, assim que eu terminei eu corri para o computador e digitei tudo que estava sentindo (e com Fangirl foi ainda pior, eu escrevi a resenha enquanto lia o livro).
Como alguém disse em uma frase de uma resenha que está no fundo do livro (não me lembro quem ou o veículo), o livro desafia a linha entre livros para adultos e young adult. Porque mesmo não sendo casada ou tendo vivido uma história de amor, eu entendia a forma como a Georgie se sentia. A história é tão real de uma forma tão incrível. (Me fez entender quando a Agatha Christie disse "Este livro não é impossível, apenas fantástico). Eu sinto que livros assim me ensinaram a ver cada pessoa como uma obra de arte, como um encantando dentro de si. Os personagens parecem categorizáveis, ao mesmo tempo que são complexos. E para ser bem sincera, a minha parte preferida sobre a escrita da Rainbow é a forma como ela consegue transmitir sentimentos através de uma palavra só. Cada vez que a Georgie diz Neal, você apenas entende o que ela quer dizer. Você sente.
Eu realmente espero que essa resenha (se você é novo no blog, todas as minhas resenhas são assim, mais sobre minha experiência com o livro do que com o livro em si - porque vocês acham que mesmo depois de 4 anos eu nunca consegui parcerias com editoras, além do ato de eu só ter tentado duas vezes?) faça todo mundo correr para ler o livro o quanto antes. E se não, recomendo ler as resenhas dos outros livros dela e tentar conhecer. Eu preciso que o máximo de pessoas leia Rainbow Rowell porque o máximo de pessoas precisa me entender nesses sentimentos que eu tenho. Eu também preciso de alguém para me ajudar a suportar a espera pelo primeiro livro de fantasia dela, que sai em outubro nos Estados Unidos e sem previsão no Brasil. Mas agora, realmente preciso ir, porque ainda tenho dois dias de acampamento e esto tão inspirada se continuar no computador, vou escrever pra sempre. (Não que isso seja uma coisa ruim).
G.