Beeeem-vindoooos a uma pequena avaliação e retrospectiva do melhor semestre universitário que eu tive até agora - e que acabou na sexta. Isso não quer dizer que ele foi maravilhoso ou que não poderia ter sido muito melhor (por exemplo, se ele tivesse começado em fevereiro/março e terminado em julho, como qualquer semestre normal), apenas que minhas previsões estavam certas e que o primeiro semestre interrupto, com 80% de disciplinas práticas e o conhecimento geral dos mapas astrais dos professores foi o melhor semestre e chegou ao ponto de me deixar triste porque eu sei que não terei nenhum semestre como ele outra vez. Vou me parafrasear nas palavras da autoavaliação que eu escrevi para Narrativas Jornalísticas semana passada: Foi o melhor semestre possível dentro das condições criadas pela universidade.
E tem muitas condições envolvidas, uma mais complexa que a outra. Um exemplo é o curioso caso da professora cujas vésperas da aula causavam crises de pânico em pelo menos 50% da turma e cujas aulas eram a tortura psicológica acadêmica em sua forma mais pura. Outro caso foi o de fotojornalismo, que já que a professora precisou sair para começar o doutorado em Salvador, precisou ser condensada. Teve semanas em que todas as nossas aulas eram dessa disciplina e a gente precisou fazer tanto trabalho um atrás do outro que acabou tendo aquele climinha de fim de semestre logo no começo. E ainda por cima, quando as outras disciplinas puderam ter suas aulas de volta tiveram que fazer muitas avaliações ao mesmo tempo para poder recuperar o tempo perdido, então o climinha de fim de semestre seguiu por todos os meses seguintes. E a trouxa que vos fala ainda ficava em junho "Meu Deus, eu preciso de julho logo para as coisas ficarem mais fáceis", em julho "Cadê agosto?" e em agosto "VEM SETEMBRO, VEM FÉRIAS" e quando a última semana do semestre chegou ficou bem triste porque daqui para outubro é um pulo e eu não estou psicologicamente pronta para enfrentar o 4º semestre.

"Galera, eu sou realmente inteligente agora, vocês nem sabem" - Eu no terceiro semestre
Este fim de semestre foi um fim de semestre sério e tenso, mas foi um fim de semestre como fins de semestre deveriam ser. Tiveram vários momentos puxados e desesperadores, mas não é tão ruim quando a maior parte dos trabalhos são práticos e várias disciplinas te permitem escolher sobre o que você quer falar em seus seminários. Foi tão tranquilo, tão rápido e tão saudável que eu pude realmente aproveitar e absorver alguma coisa de textos teóricos. Isso nunca tinha acontecido. Eu tive um branco na hora da apresentação e depois não consegui mais lembrar sobre o que foi meu primeiro seminário na faculdade, nem posso falar muito sobre os seminários do segundo semestre, mas se você quiser começar uma discussão sobre qualquer um dos textos que eu usei em seminários no terceiro semestre, é só chamar. Sério. Qualquer um. Eu gostei de todos e compreendi todos, mesmo que minha ansiedade tenha tomado o melhor de mim nos seminários. (Eu tinha me convencido de que estava melhorando nessa coisa de falar em público, mas eu cheguei à conclusão de que eu apenas não me importava tanto assim no segundo semestre. Quando voltei a me importar, ferrou). Eu também tive que escrever tantos trabalhos escritos, descrevendo o processo de tanto das coisas que eu fiz que eu desenvolvi uma técnica para escrevê-los mais rápido.
Também descobri várias coisas sobre mim mesma e sobre a profissão nesse meio tempo - que é algo que também aconteceu nos outros semestres, mas eu não exatamente tive como aproveitar. Por exemplo, eu odeio marcar entrevistas e só falto explodir de ansiedade quando preciso fazer isso, mas eu realmente gosto de fazer entrevistas. Eu conheci tanta gente legal nos processos de entrevistas nesse semestre, ouvi tantas histórias malucas, tive cada conversa legal. Uma coisa: O comércio - especialmente feiras - é o melhor lugar do mundo para se fazer entrevistas. Eu sei que é aquela coisa do jovem jornalista cheio de esperanças, mas entrevistar pessoas geralmente renova minha fé na humanidade e na beleza dela. Uma fé que tem estado balançada pra caramba nos últimos dois anos. Outro exemplo foi a solução para um caso de "situações desesperadas pedem medidas desesperadas": Se você tem estado por perto desde o começo de 2015 já me ouviu reclamando pelo menos uma vez sobre como eu fui de lindos 70 livros lidos em 2014, para sofridos e chorados 36 livros lidos em 2015, chegando a apenas 12 livros lidos até o presente mês de setembro de 2016. Eu culpo a faculdade porque aconteceu com muita gente e eu já ouvi gente que já se formou falando sobre como a faculdade acaba com seu ritmo de leitura e com sua força de vontade para ler. Eu comecei um hiatus de leitura nesse último semestre porque eu ficava me cobrando ler e ler rápido, o que não tava funcionando nem um pouquinho. Mas mesmo tendo optado por deixar minha pilha de 40 livros para ler em um cantinho, eu ainda precisava ler livros para a faculdade. Um deles era A Sangue Frio do Truman Capote que apesar de tudo indicar que era muito bom, também tinha 400 páginas. Eu consigo ler isso tranquilamente quando não tenho a obrigação, mas só de lembrar que a leitura do negócio vale nota minha vontade de ler cai em 999%. Quando o mês da discussão do livro chegou e eu ainda não tinha comprado ele, o desespero bateu e eu comecei a pensar em formas de ler mais rapidamente e de uma forma que não me deixasse completamente cansada. Até que um vídeo da Philippa Gregory lendo um trecho do livro novo dela me fez lembrar de uma coisinha muito pouco usada: Os audiobooks.
O bizarro é que absolutamente todo mundo me desincentivou a respeito. Todo mundo ficava falando que se meu problema era desatenção, ia ser pior com audiobook, que preferia ler mesmo, que ler de verdade era melhor, etc. Mas a verdade é que pelo menos por agora, ler tem sido um inferno. As pessoas acham que eu to exagerando, mas tem sido horrível me concentrar e terminar um livro ou sentar e ler textos para a faculdade. Eu acabo deixando de entregar trabalho na faculdade porque eu não consigo ler o material pedido sem forçar minha cabeça ao máximo e até mesmo o que eu leio, passa por mim direto e some da minha mente assim que eu termino. Essas frustrações com a literatura acadêmica acabam respingando na literatura que eu leio por prazer e eu não consigo me concentrar ou encontrar prazer na leitura. Tudo que eu quero o tempo inteiro é descansar minha mente e não ser forçada a produzir pensamentos lógicos. (Em um tweet da Aprilynne Pike há um tempinho, eu descobri que isso acontece com a maioria das pessoas e autores quando elas estavam na faculdade, mas depois volta tudo ao normal. Essa ultima parte deu um alívio.) Um livro de quatrocentas páginas para a faculdade, mesmo sendo um livro muito muito bom como A Sangue Frio foi, me causava pânico. O audiobook foi a solução mais lógica e como a assinatura de teste do Audible te dá dois livros, eu consegui além dele, completamente de graça, uma versão dramatizada do meu livro preferido, que eu também já ouvi. E eu adorei. Eu "lia" enquanto lavava a louça, enquanto arrumava fotos no computador, enquanto estendia a roupa. Não é tão relaxante quanto ouvir música porque eu ainda preciso me concentrar, mas pareceu uma atividade menos suplíciosa que me sentar para ler, mesmo que as 14 horas de história fossem assustadoras a princípio. O cansaço maior foi ter chegado para o último dia de leitura faltando 5 horas e as partes mais pesadas da história, mas aquela tarde foi bastante produtiva. Então minha opinião geral sobre audiobooks é que eu amei audiobooks e queria que eles fossem mais populares no Brasil para eu conseguir alguns em português. (Até agora só consegui achar clássicos e livros de autoajuda).

Eu toda vez que tiro a tarde pra ler e acabo só conseguindo ler 5 páginas.
Para fechar esse post e dizer um adeus saudoso ao terceiro semestre (eu nem vou falar do quarto semestre nesse post porque não quero entrar em desespero. Vamos deixar para quando as aulas voltarem) vamos aos meus trabalhos finais e produtos produzidos para o terceiro semestre. Peguem uma cadeira porque é muita coisa. Em Oficina de Jornalismo Impresso I temos: "Entorno é atraente para o comércio" que foi uma matéria que eu escrevi sobre a feira central daqui. Eu também escrevi duas outras matérias para essa disciplina, uma delas muito melhor que essa, mas elas nunca foram postadas. Acontece né. Também teve um artigo científico que tinha sido publicado nesse blog, mas desapareceu ontem, sem nenhum motivo aparente. Em Narrativas Jornalísticas tivemos: "Os males invisíveis da mente" grande reportagem sobre ansiedade no meio acadêmico que eu escrevi com duas colegas e que significou muito <3 Além disso, o Foca Nativa tem muita grande reportagem maravilhosa sobre todo tipo de assunto que vocês possam se interessar e até o que vocês acham que não se interessariam. Leiam tudo possível. Ah, e eu também co-escrevi o segundo editorial com mais alguns coleguinhas. Em Oficina de Fotojornalismo tivemos o trabalho final que eu fiz cobertura no Snapchat e postei um sneakpeak no Instagram e que eu finalmente trago para vocês na íntegra em um álbum do Google todo bonitinho e com créditos para todas as fotos e seus fotógrafos e modelos: Câmera na Mão. Foi um trabalho exaustivo, mas muito recompensante. (Definitivamente mais recompensante que o outro trabalho final da disciplina: A maratona de seminários do qual meu corpo ainda carrega marcas, mesmo que eu não tenha aguentado ficar até o final.). Finalmente, em Oficina de Video-documentário eu trago para vocês Sonhos a longo prazo, o minidocumentário sobre jovens escritores e a Bienal do Livro que eu gravei no começo do mês:


É isso! Este provavelmente foi e será meu post sobre a faculdade mais cheio de elogios e de felicidade espontânea da história dos meus posts sobre a faculdade. Então não se acostumem. Vejo vocês depois.
G.



O capítulo 2 da segunda fase de As Crônicas de Kat, Entre todos os demônios do Inferno, estreia na quinta dia 22, às 21 horas.