OLHA A NOVA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL! Antes de eu deixar a palavra com Bruna (leitora do blog há mais de um ano e minha caloura), eu só queria dizer que: É AMANHÃ JDANJDNJNASD EU NÃO FAÇO IDEIA DO QUE ESPERAR E SÓ TENHO UMA LEVE NOÇÃO DO QUE VOU FAZER MAS YAY!! Amanhã, às 14h, na Livraria Nobel da Avenida Otávio Santos, tem a segunda edição do Write-In Conquista!! Vai ser lindo demais, não deixem de ir. Um cheiro!!

Bruna Fentanes, 21 anos, estudante de jornalismo e um pouco designer. Minha relação com a escrita tem mais a ver com a minha necessidade de me sentir representada e acolhida nas histórias, passei muitos anos lendo livros com histórias divertidas, romances clichês e algumas fantasias que raramente ou nunca traziam personagens LGBT (claro que hoje existem alguns livros sobre a temática, mas não acredito que ainda seja suficiente), então vi a oportunidade de levar histórias e contos para pessoas que assim como eu queriam se sentir amadas. 

Engana-se quem pensa que vou contar uma história de amor. Aqui, após anos te conhecer, você me decepcionou. Uma decepção que eu vi se infiltrar em todo meu corpo. Antes de te conhecer, tudo ao meu redor era bom e calmo, então você apareceu e tornou tudo melhor e elétrico. Você me fazia dançar mesmo sabendo que eu não iria acertar um passo. Mesmo sabendo que minha coordenação motora era péssima, você sabia que se me mandasse ir para direita eu acabaria indo pra esquerda.
Foi você que tirou meu foco dos livros e estudos, não que eu me orgulhe disso, mas foi você que apareceu em um dia qualquer e me contou o quanto a ficção era uma coisa engraçada, que eu poderia sair um pouco dos contos e histórias e conhecer o que era realmente viver. O que você não sabia era que eu gostava de viver através dos personagens e mundos alternativos e quando você mudou isso, eu já não sabia mais para onde ir.
Você foi se aproximando aos poucos, contando histórias suas que até hoje não sei se são reais. Você contava quantas bocas conseguia beijar em uma só noite ou quantos shots de bebida conseguia virar. Você me encontrava a cada fim de aula e se sentava na minha frente, mesmo que eu nunca tenha te convidado pra se juntar a mim, você ficava lá com seus olhos cinza me encarando, arrancando os livros da minha mão e me obrigando a prestar atenção. Nunca entendi o porquê você escolheu a mim.
Quando percebeu que eu estava começando a ceder e me acostumar com sua presença, você se arriscou e me chamou pra sair. Eu nem sabia se deveria considerar aquilo como um encontro ou algo mais casual. Encontros me deixavam nervosa, então considerei que nada mais era que uma das suas loucuras em tentar me incluir em seu mundo. Na verdade, eu não sabia nem se você tinha algum interesse amoroso em mim, do mesmo jeito que eu não sabia se eu tinha algum interesse em você. A timidez sempre foi um problema pra mim e acho que apesar de tudo, você entendia isso.
Nunca em seus relatos de ficadas de uma noite só, você citava nomes ou sexos, como se eu fosse me importar ou te julgar por alguma coisa. Como eu poderia? Eu não conseguia nem dizer se gostava de homens ou mulheres, só sabia dizer que pensar em determinados toques, sentia uma coisa estranha na barriga. O que você fazia nas suas noitadas era mais do que eu tinha coragem de fazer, então eu seguia me acostumando com sua presença e suas intromissões.
Mesmo que eu não te tenha respondido no ato, eu aceitei sair com você, ainda confusa quanto as suas intenções ou o que poderia se tornar as minhas. Você passou na minha casa pra me buscar às 19 horas em ponto, abriu a porta do carro pra mim e ainda riu da minha aparência. Minhas bochechas queimavam só em pensar que você poderia estar me analisando.
Era verão e o clima estava abafado, coloquei um short jeans e uma blusa folgadinha, quando te vi comecei a pensar que talvez eu não tivesse me arrumado o suficiente. Até no calor, você estava usando uma calça e uma blusa de manga preta, pelo menos seu cabelo estava enrolado em um coque no alto da cabeça, deixando amostra uma tatuagem do signo de aquário que eu nunca tinha reparado antes.
Você agia com leveza, mas eu podia ver seu nervosismo com a situação e que se esforçava para deixar um clima legal, tentando evitar que eu fugisse a qualquer momento. Eu poderia te dizer que não iria a lugar nenhum, mas estava apreciando seu esforço. Você seguiu com o carro, enquanto permanecíamos caladas ao som de Jão. Eu não conseguia conter a felicidade que aquelas músicas me transmitiam.
Quando parou o carro, estávamos em um barzinho aconchegante, com algumas luzes e diversas fotos espalhadas pelo ambiente. Tocava algumas músicas no fundo e no canto pude ver um quadro de giz, com várias frases engraçadas. Nós conversávamos, ríamos e nos divertíamos e eu não conseguia parar de pensar quando você me beijaria. Eu não estava desesperada, mas queria que você tentasse. Nós comemos e reparei que você não tinha pedido bebida alcoólica aquela noite, quando questionei o porquê você disse que gostaria de se lembrar de todos os detalhes e essa resposta me deixou ainda mais feliz.
A noite passou devagar, algumas vezes você fazia batuque na mesa enquanto eu comparava essa noite com tantas histórias bobas que já tinha lido e nas tantas vezes que gostaria que acontecesse comigo. Você tornou possível, você fez minha noite se tornar incrível. Depois de algumas poucas horas, quando estávamos indo embora, já havia desistido do nosso beijo, você se direcionou ao quadro, desenhou duas meninas de palito e um coração, você não tinha muito talento para desenhos, pude ver... Aproximei-me de você e escrevi um verso da música que escutamos no carro: “Gosto de ser imaturo com você. Gosto de me entregar e me perder...” No fim, você abaixou seus olhos até minha boca e começou a rir. Meu coração se amoleceu com aquele sorriso tão lindo e ao mesmo tempo tímido.  Você segurou calmamente minha mão e nos direcionou até o carro. Parece que a noite havia acabado. E eu me sentia feliz por ter aceitado seu convite.
No carro, você conversava sobre coisas aleatórias enquanto seguia nosso caminho, quando parou em frente minha casa, você ficou em silêncio, virou para mim e ficou me encarando, meu coração começou a bater mais forte, minha respiração começou a acelerar e você me perguntou: “Posso tentar uma coisa?”. Fiquei um pouco confusa com a pergunta, mas apenas assenti.
Você se aproximou meio sem jeito, sem saber o que fazer com as mãos e me beijou. Um beijo que eu jurava que nunca iria acontecer, mas aconteceu. Me acalmei na sua boca, meu coração parecia correr uma maratona, minhas mãos se posicionaram na sua nuca e tudo foi caminhando devagar. O beijo começou devagar e depois de alguns segundos, você me beijava como se eu fosse desaparecer ou talvez me afastar. O encaixe estava perfeito, eu não queria me afastar nunca de você. Tudo estava perfeito demais. Você era a coisa mais linda do mundo e eu não queria te largar mais nunca.
Os meses se passaram e tudo parecia aquele clichê que você tanto teimava em dizer que não existia. Mas então, um dia, quando tudo parecia incrível demais, você sumiu. Desapareceu com suas piadas, seus sorrisos bestas, suas intromissões e seus beijos. Eu parei de dançar com meus passos errados, voltei aos meus livros e a minha vida sem gracinha. E comecei a imaginar que tudo aquilo havia sido apenas um sonho ou algum livro que eu tinha lido de forma errada.
A decepção andou comigo para todos os lugares, do mesmo jeito que a saudade não ia embora. Eu só queria que voltasse um dia e me dissesse onde eu tinha errado, porque eu iria gostar de consertar. Você tinha transformado meus dias melhores e eu esperava ter transformado os seus.