Eu escrevo desde os 9 anos. Comecei com poesia, então disse para todo mundo que queria ser poetiza naquela época. Depois disso eu passei pela fase de querer ser missionária, a fase arquiteta e a fase publicitária. Aos 11 eu comecei a escrever ficção (eu sei que disse 12 antes, mas eu tinha esquecido totalmente de O Diário de Esperança): O Diário de Esperança e Songs são histórias que só quem me conhece há muito tempo (ou, no caso de Songs, quem me acompanhou no Nyah!) conhece. Eu comecei a trabalhar no meu livro em setembro de 2010 (aos 12 anos), mas só no ano seguinte eu decidi que ele seria um livro e que eu seguiria carreira como escritora. Depois disso as coisas mudaram drasticamente.
Todo artista é meio louco. Decidir viver de arte é uma loucura por si só. Não existe estabilidade, não existe nenhuma garantia de sucesso, precisa de muito trabalho duro, e, ao contrário de muitas profissões, não pode ser realizada no automático. Mas honestamente? Eu não conseguiria viver em um mundo sem arte e por isso eu agradeço a Deus por existir gente suficientemente doida para querer viver de arte. Eu não sobreviveria nem duas horas em um mundo sem música, literatura, artes plásticas e representativas. E eu sei que todo mundo diz isso, mas é a mais pura verdade, então imaginem um mundo em que todo mundo quisesse ser médico, advogado e engenheiro? APENAS IMAGINEM COM TODA IMAGINAÇÃO QUE VOCÊS TEM NA CABEÇA!!
Várias profissões sofrem diversos tipos de preconceito (uma vez eu ouvi que professor era profissão de quem não queria ser alguém na vida - eu acho que a pessoa em questão não se deu conta de a quem devia seu diploma universitário), mas já que eu sou um rascunho de escritora (entenderam? rascunho, escritora) eu quero falar sobre o preconceito que essa profissão específica sofre. E como eu também ainda não sou publicada (ainda - calma gente, este ano esse livro sai) falarei do preconceito (no sentido de conceito formado antes de conhecer a situação) sofrido por nós a partir dessa maravilhosa lista de:

As 5 frases mais ouvidas por escritores não-publicados!!
(sim, eu estou viciada em listas)

Esse gif só está aqui porque todo post sobre escrever tem esse gif.
"Você precisa de um emprego de verdade para sustentar seu hobby"
Eu odeio essa frase mais do que eu odeio qualquer outra coisa no universo. Eu também sou levada a acreditar que essa frase é dita sempre por alguém extremamente frustado com o trabalho e que provavelmente fez a faculdade que fez só por dinheiro. É tão difícil assim de acreditar que alguém pode trabalhar com o que ama e amar o trabalho que tem?
Não é um hobby, porque para viver disso é necessário trabalho duro. Sangue, suor, lágrimas e muitos pulsos abertos por noites viradas tentando não perder prazos. Exige talento, mas também exige muita dedicação. Se um médico ama salvar vidas e trabalha 70 horas por semana você chamaria o trabalho dele de hobby?

"Quer ser a próxima J. K. Rowling ou não?"
Não. Eu quero ser a primeira e única Giulia Santana. Eu quero ser a garota que escreve sobre as coisas que estão na minha cabeça, porque essas coisas são únicas e fazem parte da minha essência. E eu não pretendo me tornar uma lenda por colocar isso em palavras. Se acontecer, incrível. Se não, eu só espero quero viver de o que eu vivo por.

"Você vai dar um livro de graça para todo mundo que te conhece né?"
O mais engraçado sobre essa frase é que só quem mal me conhece diz. Meus amigos mais íntimos sempre dizem que serão os primeiros a comprar meu livro (tem até uma lista de espera já). Um ser que me conhece há 15 dias diz que eu preciso dar meu livro para todo mundo que eu conheço e se eu digo que não quero passar fome a criatura me vem com  seguinte frase: "Mas você nunca vai vender se não tiver alguém que leu e gostou para provar que vale a pena ler seu livro". SÉRIO, UNIVERSO? SÉRIO MESMO?

"Olha lá, fulaninha tem 10 anos e publicou 3 livros e você nada ainda"
Eu ouvi essa sábado retrasado. Deixa eu ver como eu explico o quanto essa comparação é babaca. Existe uma piada velhíssima que diz o seguinte: um homem pega o boletim do filho e ao ver só notas ruins diz a ele "Na sua idade, George Washington era o melhor da classe" a que o filho responde "E na sua idade George Washington era presidente dos Estados Unidos". Entenderam a lógica? Cada pessoa é uma pessoa e cada pessoa faz as coisas em um tempo diferente, de uma forma diferente.
Eu já fiquei muito paranoica com essa coisa de "prodígio literário". Por exemplo, não foi uma vez só que eu pensei que Mais Uma Vez seria mais relevante se eu o tivesse publicado aos 15 anos (quando terminei de escrevê-lo), do que será se eu publicá-lo agora. Como se para ser bom, você precisasse ser um prodígio. Tipo, NÃO. Uma coisa de cada vez e cada uma no seu tempo. Eu não gosto de estar com o livro escrito há 2 anos e ainda não ter levado a revisão dele à perfeição, mas talvez eu precisasse da maturidade e das experiências de vida que eu tenho hoje para poder levá-lo até essa perfeição.

"Escritor não tem espaço no Brasil"
Eu não posso simplesmente descartar essa frase sem explicar porque as pessoas pensam isso e como esse pensamento está errado. Existem duas crenças sobre o povo brasileiro que nunca vão deixar de existir enquanto ninguém fazer nada para mudá-las: a primeira é que "só porcaria faz sucesso no Brasil" (o que é muito relativo, porque o que é porcaria para algumas pessoas não é porcaria para outras e já ficou provado que o consenso geral quase nunca está certo) e a segunda é que "brasileiro não lê". Apesar de existirem pesquisas relacionadas a esse último item, é muito leviano desconsiderar as mudanças no cenário literário brasileiro. Pensem nas duas últimas Bienais do Livro (a de SP e a do Rio) e lembrei do caos que aquilo foi. A maioria dos leitores é jovem e outros jovens leitores começam a surgir. Tem muuuita gente que começou a gostar de literatura há pouco tempo e precisa de novidades.
Então sim, existe espaço para escritores no Brasil. Principalmente porque o mercado literário nacional está desesperado por autores novos, principalmente jovens que acabem com todos os preconceitos existentes sobre a literatura nacional. Eu recomendo que todo mundo procure livros nacionais publicados recentemente para provar do que eu estou falando.

É isso. Eu não sei se essa lista ajudou alguma coisa, mas é uma daquelas coisas que eu simplesmente precisava dizer.
G.