Ok, então na semana passada eu estava pensando nas minhas histórias, quando me dei conta de que certa personagem a quem eu sou extremamente apegada precisa morrer. A personagem em questão é do livro que eu pretendo escrever no NaNoWriMo, ou seja, eu não vou começar a escrever sobre ela até novembro, mas já tenho pensado muito nela ultimamente. Logo, descobrir que ela vai morrer, me deixou mal por antecipação, porque ela acabou se tornando muito importante pra mim. Eu normalmente passo pelos 5 estágios de luto quando um personagem que eu amo precisa morrer. Sou completamente contra mortes desnecessárias (porque vamos combinar, alguns livros tem mortes que estão lá só pra cumprir cotas), então um personagem meu só morre quando a morte dele tem alguma influencia na história. Existe uma morte no começo do livro 2 de Sociedade Inglesa de Oposição que eu sabia que aconteceria desde a terceira ou quarta versão de Mais Uma Vez (a que eu estou organizando agora é a oitava). Ainda assim, depois de escrever as cenas de morte e velório, quando eu escrevi o primeiro rascunho do livro (no NaNoWriMo de 2013), eu fiquei mal por semanas! Chorei, tive pesadelos e tudo o mais.  Eu estou contando isso para introduzir a vocês a resposta de uma pergunta que leitores do mundo inteiro fazem há um bom tempo: escritores encontram algum tipo de prazer ao fazer o leitor sofrer? Bem, eu não posso falar por todos os escritores do mundo, mas SIM SIM E SIM. Além disso, SIM.
Não me entendam mal, eu não sou simplesmente sádica. A questão é que se eu vou passar por uma montanha russa de sentimentos enquanto escrevo alguma coisa - qualquer coisa - o mínimo que eu desejo é que meus leitores passem pela mesma montanha russa. Como escritora e leitores nós somos uma comunidade de pessoas sofrendo pela mesma história. Às vezes de forma diferente, às vezes de forma igual. Os mesmos personagens entram na nossa vida, contam suas histórias e causam seus efeitos em nós. E considerando que eu sou a pessoa responsável por dar vida a este universo, depende de mim que a história desses personagens seja contada de forma a causar os efeitos certos na vida das pessoas. Então, eu sinto um certo prazer, sim, em causar os mais variados sentimentos nos leitores desavisados dos meus textos literários.

Hehehe
Porém, fazer o leitor sofrer é só um dos meus prazeres culpados como escritora - nada supera fazer um personagem sofrer. Eu sinto que sou meio sociopata nesse sentido, porque certos personagens eu consigo matar e fazer sofrer sem a mínima culpa. Eu dou meu melhor para dar aos meus vilões mortes tão maldosas quanto sua vida. (Não sei se a próxima parte deste parágrafo conta como spoiler, considerando que eu postei o capítulo 3 de As Crônicas de Kat há quase 2 anos, mas se você ainda não leu, mas pretende ler ACDK pule para o próximo parágrafo) Exemplo: A Jocelyn de As Crônicas de Kat. Eu até sinto que eu economizei na descrição da morte dela. Não sei se ter o sangue derramado gota por gota por 3 horas para à meia-noite ter seu corpo levado para a própria Morte por de esqueletos das suas próprias ancestrais foi o suficiente para compensar todas as coisas que ela fez em 68 anos de atividades infernais... E eu acabo de perceber o quanto ACDK é uma história macabra.
FUN FACT: Eu tenho uma "lista de personagens que vão morrer". É um arquivo do bloco de notas onde eu escrevo o nome de quem terá que morrer para a continuidade de uma história. E mesmo que mude de ideia sobre o futuro do personagem, se o nome está na lista, eu não posso fazer nada a respeito, ele precisa morrer. [AGORA SIM SPOILER DE AS CRÔNICAS DE KAT ALERT] Existe uma personagem de ACDK, a quem eu só me apeguei no meio do capítulo 5, cujo nome foi escrito 3 vezes. A criatura está morta, mas muito morta mesmo. [FIM DO SPOILER DE AS CRÔNICAS DE KAT] Eu ainda estou decidindo se vou colocar o nome da personagem do livro que eu citei acima nesta lista ou não. Ainda não aceitei a morte dela completamente e talvez nunca aceite.

Tirinha de Estevão Ribeiro em Os Passarinhos. Uma das minhas tirinhas preferidas, inclusive.
No caso do conto que eu postei quarta-feira passada, Infelizmente, Rio, Eu te amo, minha intenção era justamente deixar todo mundo com a sensação que o conto deixou: QUE DIABOS ACONTECEU COM A LAURA? Alguém perguntou se ela existiu de verdade e minha reação foi: ponto pra você, leitor anônimo, você se deu conta de que ela podia não ser real. Mas respondendo aos mais assustados, sim, ela existiu. A minha vontade era criar uma história que fosse totalmente possível, mas que tivesse seu tom onírico. Não tenho certeza se isso só acontece comigo ou não, mas na minha vida eu já tive muita gente que surgiu, deixou uma marca e depois desapareceu completamente. Na maior parte das vezes, é só alguém que eu vi na rua, que abriu um sorriso que me deixou feliz o dia inteiro e que eu provavelmente nunca mais verei outra vez. Eu nem posso provar que a pessoa existiu, mas eu deixo nosso pequeno encontro que tive na parte do meu cérebro reservada para coisas muito felizes.
Acho que é isso por hoje,
G.