OLÁ!! Primeiramente: Cadê todo mundo? Eu to acostumada com sumiços repentinos em fins de semestre de escola, mas eu estou com saudades de vocês. Apareçam para dizer um oizinho. Para dizer o que estão achando do Mês Literário até agora. Ou só para gritar comigo porque nos últimos meses eu fiquei tempo demais sem postar e agora estou postando mais de uma vez por semana - o que é um bom motivo para todo mundo ter sumido. POR FAVOR, VOLTEM. O post de hoje é um Diário Artístico onde eu planejo contar os pormenores de como é trabalhar no mesmo livro por 6 anos. Vocês tem o ponto de vista dos leitores - apesar de eu só ter começado a falar sobre Mais Uma Vez de verdade depois que eu terminei de escrever, em 2013 (o que significa que faz 3 anos que as pessoas estão esperando para ter um livro meu em mãos) - agora eu quero apresentar o ponto de vista dos autores. Quer dizer, eu sei que até George R. R. Martin que eu xingo o tempo todo por estar me enrolando há 4 anos por um livro novo, merece a chance de poder se abrir e reclamar das coisas que ele enfrenta enquanto escrevendo um livro. Então, pegue uma cadeira (expressão estranha considerando que a maioria das pessoas lê blogs sentadas) e se sente porque isso será uma viagem a uma mente obscura.

Lembra desse episódio? Ele explica tudo
Definitivamente, o maior problema são as pessoas. Não pela pressão, pelos pedidos incessantes que eu termine o livro logo, o que eu entendo, mas pelo fato de que quando as pessoas ouvem que eu tenho um livro escrito e em fase de edição, elas automaticamente desenvolvem aquela que é a maldição de todos os seres humanos: A expectativa. Sendo como eu sou, eu falo muito sobre meu livro e pelos últimos 3 anos comigo mudando o tempo todo a data planejada para a publicação, eu criei uma espécie de hype do qual perdi completamente o controle. Eu já sei que vai ter gente que vai pegar Mais Uma Vez, ler inteiro e quando terminar pensar "Ela passou 6 anos trabalhando NISSO?" então eu tenho me preparado psicologicamente para não me importar com isso quando o livro sair. Eu acho complicado para quem está de fora entender, mas a questão é que eu não passei esses 3 anos de edição melhorando uma história já pronta; foram 3 anos descobrindo como eu queria contar aquela história. Quando eu terminei de escrever a história - coloquei toda a ideia no papel e vi que ela era real e possível - eu tinha 15 anos e não tinha escrito metade do que eu tenho produzido hoje. Esses anos foram passados encontrando meu estilo, descobrindo meus personagens, esse tipo de coisa. É uma jornada doida e cada fase da edição diferente eu descubro uma coisa nova que eu quero implantar no livro. Agora eu sou mais velha do que meus personagens são na história (PAUSA PRA CRISE EMOCIONAL) e eu consigo entender eles melhor do que poderia quando eu tinha 12 anos e comecei a escrever o livro ou até quando tinha 15 e terminei. Eu também sou uma pessoa completamente diferente e essa pessoa tem muito mais segurança com o que escreve e sabe o tipo de coisa que quer assinar (Isso eu posso agradecer a As Crônicas de Kat, sem via de dúvidas). Eu não estou trabalhando no mesmo livro há 6 anos porque eu queria escrever o melhor livro do mundo, eu estou trabalhando no mesmo livro há 6 anos porque queria escrever algo que fosse completamente eu. E eu não tenho certeza sobre quem eu sou ainda.
E falando em pessoas, eu disse que entendo ser pressionada a lançar o livro logo, mas só quando as intenções são boas. Se você se interessou pela história e quer conhecer o livro logo, eu sinto muito por te fazer esperar tanto, de verdade. Pode me encher e me forçar de todas as formas a terminar isso logo. Mas se você nem faz a mínima ideia do que seja o livro, nunca se interessou por nada que eu escrevo e ainda assim sente a necessidade de pedir que eu lance logo o livro o tempo todo: eu não preciso de você. Muito menos preciso dos sorrisinhos quando surge alguém de 14/12/10/5 anos que lançou um livro seguido de um "E o seu, quando sai?". Isso é outra coisa: As pessoas próximas, quando conhecem algum adolescente que lançou um livro, vem direto falar comigo sobre esse livro. Uma vez eu tive que ouvir por um tempão sobre um livro lançado por uma conhecida de uma tia minha, incluindo uma lista de todos os defeitos que esse livro tinha. Isso cria uma espécie de paranoia que quase nada pode matar. Por que você está dizendo isso? Para me aconselhar a não cometer os mesmos erros? O que te faz pensar que eu vou cometer os mesmos erros? Ou é porque você acredita que eu não cometeria os mesmos erros e tem certeza absoluta que meu livro vai ser muito melhor? O que te dá essa certeza? Eu sei que não é lendo o que eu escrevo, porque eu posso contar nos dedos de uma mão o número de pessoas da minha família que lê o QaMdE. Eu não sei porque, mas muita gente - obviamente sem nenhuma ideia do tipo de literatura que eu escrevo, mesmo com todo conteúdo daqui - simplesmente acredita que eu escreverei livros estilo Sidney Sheldon. Alguns anos atrás, eu me sentia mal de desiludir as pessoas a esse respeito. Como se young adult e fantasia fosse algo menor, menos importante. Hoje em dia se alguém disser qualquer coisa quando eu anuncio que escrevo fantasia com protagonistas adolescentes, eu luto de volta. A literatura young adult é um dos principais motivos para nossa geração ser menos pior do que a de vocês.
Aí vem outra parte sobre escrever e pessoas: Uma das minhas coisas preferidas sobre avaliar o começo da história com a história está agora é perceber como eu fui gradativamente me importando menos com o que as pessoas pensariam, conforme fui escrevendo cada uma das novas versões. E a parte mais louca é que antes eu não queria que todo mundo pudesse ler, eu preferia que adultos não soubessem sobre MUV. Agora eu quero que todo mundo leia e absorva o máximo possível do livro e não me importo mais com as opiniões das pessoas antes que elas leiam. Eu mudei tanta coisa nas primeiras versões porque eu ficava vendo dicas de "pessoas mais experientes" ou outros escritores e eu queria escrever algo que fosse... bem, não bom, adequado. As pessoas amam dar opinião sobre o tipo de livro que gostariam de ler. Eu levei um tempinho para me dar conta de que o que elas querem ler, não é necessariamente o que eu preciso escrever. Lembram da citação de Fake que eu coloquei de título da resenha? "Um escritor aprende desde pequeno que não deve mimar seus leitores. Não escreve para fazer suas vontades." É basicamente isso. Mas chega de falar sobre pessoas, vamos às partes amorzinho, falemos sobre o escrever em si.

AAAh, escrever.
Com 6 anos (na verdade, 5 anos e 10 meses. Os 6 anos chegam oficialmente em setembro) e 9 versões é claro que Mais Uma Vez já passou por um número absurdo de mudanças. No começo a Sociedade Inglesa de Oposição, que dá nome à trilogia, nem existia (A trilogia era Trilogia Mais Uma Vez). Na ideia original, o poder de Heather não era controlar o sistema nervoso: Ela podia controlar seus sentimentos. (Como vocês podem notar, eu desde nova era obcecada na história de não ser controlada por seus sentimentos/de poder controlá-los). O poder dela era basicamente o controle do que ela sentia em toda situação, podendo controlar a raiva em momentos em que ela poderia se tornar danosa, acabar com a tristeza assim que ela chegasse, fazer qualquer coisa sem se preocupar com o arrependimento e até mesmo não cometer o erro de principiante de se apaixonar por quem não corresponde. Claro que para ferrar com tudo tinha que surgir uma pessoa que quando estava por perto bloqueava esses poderes e tirava de Heather todo autocontrole: Na primeira versão de Mais Uma Vez, depois de passar 2 anos estudando nos Estados Unidos, o melhor amigo de infância de Heather, Mike, voltava para Londres e chocava uma Heather que tinha acabado de se acostumar aos próprios poderes loucos. A história mudou tanto depois disso que na versão atual a única coisa que a Heather não controla dentro do próprio corpo são seus sentimentos (ela pode retardar seu envelhecimento em séculos, continuar viva com o coração parado, regenerar qualquer parte do corpo, mas não pode controlar nada do que sente). E ela precisa manter a saúde mental para que esses sentimentos não acabem controlando os poderes dela. Tem uma cena no livro 2 em que a Heather desmaia pela primeira vez na vida inteira depois de receber uma notícia devastadora, depois de ter passado a noite sem dormir. Faz com que ela se dê conta de que mesmo sendo fisicamente perigosa, ela poderia sofrer tortura psicológica e ser neutralizada.
Não só a trama mudou, mas as personagens definitivamente mudaram e muito. Eu sempre preciso ter muitos personagens principais então Mais Uma Vez funciona oficialmente com cinco e mais alguns antagonistas. Nós temos (baseado em um texto que eu li sobre os 7 tipos de personagem que você tem em uma história): A protagonista e narradora, Heather Richards. A confidente, Layla Banks. O interesse amoroso, Mike Leonards. A personagem misteriosa, Karina Sky. E a personagem "guia espiritual", Oma Sky. Eu poderia apresentar cada um deles, mas duas sofreram mudanças violentas nos últimos dois meses e eu não sei quantas outras vezes eu vou acabar mudando todo mundo. Eu sempre acabo tendo que voltar em todas as cenas que eu já editei para mudar alguns detalhes porque eu quero que a personagem soe mais viva ou não seja repetitiva ou passe mais a impressão que eu tenho dela. Eu tenho essa ideia de como uma personagem é na cabeça e eu gosto de pensar que com quase seis anos de convivência eu conheço ela muito bem, mas nem sempre eu consigo representá-la da forma certa. E se eu não representá-la da forma certa eu tenho quase certeza que ela lança uma ofensiva contra mim que vai me deixar maluca rapidinho.
Existem também todas as complexidades da história em si. Tem coisas que eu inventei e que eu me odeio até hoje por ter inventado. Por exemplo, localizar a história na Inglaterra. Depois, colocar ela no mesmo universo que As Crônicas de Kat (aconteceu quando eu inventei de colocar a Ellie de Haunted como a primeira vampira do Exército. Os padrinhos dela, que aparecem em Haunted, são personagens importantes de SIDO e como eu escrevi Haunted muito antes de ACDK eu não me importei de usar eles na história. Mas é claro que eu resolvi transformar a Ellie em vampira e misturar os dois universos. Claro que eu fiz isso.). São as coisas que mais me dão dor de cabeça na face da Terra. A segunda coisa é meio irremediável, agora que já foi feita, e tudo que eu posso fazer é me controlar para não fazer 3923893289238923832 crossovers. (Eu até estava considerando ressuscitar uma personagem de Sociedade Inglesa de Oposição na segunda fase de As Crônicas de Kat, mas como o fim de ACDK sai antes do fim de SIDO eu não posso fazer isso sem soltar spoilers). Já a questão da história na Inglaterra, eu já pensei em mudar mil vezes, mas não tenho coragem. Eu sou estranha, mas a questão é que eu sou apaixonada demais pela história da Inglaterra. Eu precisei criar um texto de um documento escrito na época da Guerra dos 100 anos e tudo que eu pudia fazer era surtar internamente. E eu sei que isso não faz exatamente do livro o mais simples do mundo, mas sendo sincera entre todos os aspectos da história que eu considero mudar, esse não é um deles. E só o primeiro livro se passa exclusivamente na Inglaterra. O segundo começa na França e passa um período na Irlanda. O terceiro começa na Itália, viaja por alguns países ainda não definidos e termina na África - era a África do Sul, mas eu achava muito clichê, então eu mudei para uma ilha na costa do Quênia. Também já postei aqui um conto que é no universo de Sociedade Inglesa de Oposição que se passa no Chile e escrevi um que se passa no Brasil - esse último é uma espécie de "Onde estão os personagens agora?" então eu não posso divulgar ele antes do fim da saga. Essa é outra coisa: A história de passa de outubro de 2011 a janeiro de 2013. Que são anos desta década que parecem 15 anos atrás. (2013 parece mais distante que 2012, como isso é possível?).
Nossa, esse post ficou enorme e confuso. Eu estava precisando escrever algo assim.
Vejo vocês em breve,
G.