Eu passei por um grande número de marcos e memórias aqui no blog, mas de alguma forma 12 anos parece um número gigantesco. Talvez seja porque eu tinha 12 anos quando escrevi o primeiro post — a onze dias de fazer 13 anos, é claro, mas ainda assim. Isso significa que o blog oficialmente está na minha vida há metade do tempo que eu estou no planeta Terra. Que pensamento aterrorizante!!!

Vocês ouvem essa história todo ano, mas quando eu publiquei sobre meu primeiro dia de aula no 9º ano na internet, eu não tinha muita intenção em fazer nada além de "ter um blog". Todo mundo da minha bolha da internet tinha um e eu tinha 12 anos, então eu precisava ser como todo mundo. Eu já usava a internet como um diário e um lugar seguro, o blog se tornaria isso também. E ele se tornou. O que a galera subestimou foi o fato de que eu sou teimosa e continuaria com o blog por mais de uma década.

Quando eu olho para uma criança de 12 anos na internet hoje, eu sinto vontade de quebrar o roteador dela eu mesma. Por mais inteligente que ela seja, a internet é um lugar que fica cada dia mais insalubre. É claro que isso afeta seu crescimento e honestamente não é tão divertido quanto parece ser. Quando eu era adolescente, eu dizia que daria um celular para um filho meu quando ele aprendesse a ler — até porque eu ganhei o meu primeiro aos 6 anos. Hoje, com celulares tendo muito mais do que o jogo da cobrinha que meu Siemens A52 tinha, eu impediria uma cria minha de ter celular até os 25 anos, se fosse possível. A falta que faz um pré-cortex desenvolvido por essas bandas.

Isso não é para dizer que eu me arrependo ou que existem mais desvantagens do que vantagens em ter criado o blog. Eu construí este espaço fazendo o melhor que pude fazer com a vida e com as habilidades que eu tinha. Meus arrependimentos são pensando em outra vida, em outro universo com outras experiências. Talvez, um universo com todas as minhas necessidades físicas, sociais e emocionais supridas, ao invés de cinco transtornos psicológicos, na época não-diagnosticados. Mas nós não estamos naquele universo, estamos neste. E por isso, eu não me arrependo de ter criado o blog. Por isso, não me arrependo de ter dedicado tanto dos últimos 12 anos a ele.

Um dos motivos é o lado profissional, é claro. Em 2020, Quebrei a máquina de escrever se tornou o nome da minha empresa de criação de conteúdo. O nome que significa tudo que eu já escrevi, tudo que eu já fiz e tudo que eu já aprendi na internet, hoje é emitido nas notas fiscais dos freelas que eu faço e das empresas que eu trabalho como PJ. No Instagram, já virou minha marca, com conteúdo sobre criação de conteúdo, sobre escrita e sobre publicação. Nos últimos dois anos, eu sempre lembro a mim mesma que não importa onde eu esteja trabalhando, a minha empresa e o meu legado é o QaMdE e é aqui que eu preciso dedicar meu tempo.

Os outros motivos são bem mais pessoais. Um deles, é como ter o blog há tanto tempo e ter tanta coisa registrada, se relaciona ao meu desejo de ter um filho um dia. Eu faria tudo para ter tantos registros da minha mãe quando ela era viva. Para poder ouvir a voz dela, mesmo que escrita, quando tinha a minha idade ou era mais nova que eu. Isso é exatamente o tipo de coisa que eu nem pensaria 12 anos atrás, especialmente porque eu nem sabia se realmente queria ter filho até 2020.

Mas o registro da memória também é importante para mim mesma. Eu vivo voltando aqui para checar fatos sobre a minha própria vida. E também tem os momentos em que eu leio um post do blog e sou lembrada repentinamente de algo que tinha sumido do meu cérebro anos atrás. Até mesmo registros como os posts sobre pessoas que eu fui fã ou sobre séries que assisti e livros que li. Minhas verdadeiras opiniões sobre coisas que eu me lembro de uma forma completamente diferente de como eu realmente me senti na época. E me dá a oportunidade de reavaliar opiniões.

Sempre que surge essa história do medo de "cancelamento" e apagar posts antigos, eu menciono o fato de que é certeza de que tem merda no blog e eu não pretendo apagar. Certeza de que eu já falei alguma coisa cancelável. E até mesmo as coisas que eu mudei em edições futuras, eu não tenho medo de trazer à tona, como o uso da palavra "mulata" em uma das primeiras versões de As Crônicas de Kat. Porque memória é isso. Crescer é isso.

Quando eu deleto algo, é mais porque eu não quero me lembrar do que porque eu quero esconder. Como aquela época em que eu deletei 40 mil tweets para tirar todas as menções à minha ex-melhor amiga da minha página. Se eu pudesse deletar minhas próprias memórias ruins para abrir espaço para coisas boas, eu faria. Ao mesmo tempo, se eu fizesse isso, deixava espaço para que eu perdesse mais tempo da minha vida revivendo as mesmas experiências ruins. Memória é importante. E o que está no passado e já foi superado, causa menos medo do que o desconhecido, que está no futuro.

Mas eu não sinto tanto medo assim (exceto todo santo dia), porque eu ainda tenho meus espaços seguros, que são só meus. Que eu construí a unhas e dentes, e assegurei, mesmo quando me disseram para pular para a próxima e seguir a próxima onda. O blog é um deles, mas graças a mim mesma e muita terapia, não o único.

Acho que é isso. Para quem ainda não viu, lá no Instagram do blog tá rolando sorteio para criadores de conteúdo. Estou oferecendo uma análise completa para dois perfis do Instagram. Corram e aproveitem!! Sobre o vídeo do YouTube, que eu já prometi que farei, vai atrasar porque eu só decidi hoje como exatamente ele vai ser. Vai valer a pena esperar, prometo!

Beijo e até logo,
G.