E a partir de agora eu declaro que semanas tenham 11 dias de duração. Ou 13, nesse caso. O que eu posso dizer, gente? Eu nem abandonei vocês, pela primeira vez em três anos nós tivemos posts em janeiro que não foram exatamente sobre o NaNoWriMo. E o motivo principal pelo qual eu esperei até agora para escrever essa atualização foi o fato de que eu precisava me sentir de volta ao NaNoWriMo e até a mim mesma antes de conseguir escrever ele. Tudo aconteceu nesse meio tempo. Eu chorei, eu passei mal, eu ri, eu gritei, eu pensei em desistir (várias e várias vezes), eu senti que amo literatura mais do que a mim mesma e eu lembrei porque amo essa história. E é por isso que eu não vou fazer essa atualização como eu costumo fazer as atualizações do NaNoWriMo, dia por dia. Eu vou atualizar vocês sobre todos os vais e vens dos últimos 13 dias, contar a vocês sobre o porque e o como de eu escrever e mostrar a vocês mais um pouquinho da história da Bri.
Logo depois de ter postado a última atualização do NaNo, eu quebrei. Eu basicamente me parti em um milhão de pedacinhos de todos os sentimentos possíveis. Saí do outro lado sentindo nada além de culpa. Eu me sentia inútil. Isso foi menos causado por algo (Não foi por causa NaNoWriMo, tenham certeza) e mais desencadeado. Eu já estava sentindo todas essas coisas, só precisava que algo puxasse o fio e o que quer que estivesse no topo cairia primeiro. Eu passei os primeiros dias me sentindo um lixo e era fisicamente impossível abrir o arquivo do livro sem que eu me sentisse enjoada. Eu não conseguia abrir o blog (que é o primeiro site que eu abro no computador, sempre) sem sentir vontade de chorar. Isso eventualmente levou ao post da quarta, dia 15. Naquele dia, eu não escrevia há três dias. Eu disse a vocês que eu queria muito o badge de ter escrito pelos 30 dias e vocês sabem que nem em 2015, quando minhas crises de pânico voltaram, eu deixei de escrever algum dia. Até no começo do mês, eu cheguei a escrever 17 palavras para não ficar sem escrever nenhum dia. Mas naqueles dias, eu apenas não podia.
Eu passei o feriado ainda me sentindo confusa e perdida. E então na quinta-feira, Bri estava em todo canto. Tinha uma loja de roupas chamada Mira no centro, um outdoor anunciando O Quebra-Nozes perto da faculdade e eu encontrei brincos idênticos aos que a Bri ganha de aniversário dos avós na sessão de bijuterias da Riachuelo. Ela estava me chamando de volta e eu me sentia melhor o suficiente para ouvir o chamado. Não foram pep talks, reflexão pessoal ou conselhos. Foi a lembrança repentina de que eu amo e sou obcecada o suficiente por essa história para ver ela em todo o canto como o rosto de um crush. Eu voltei a escrever naquele dia, mas não foi no ritmo de antes. Eu tirei os dias seguintes para voltar a história aos poucos. Não tinha mais o objetivo original de 100k, se eu chegasse a 50k, estava tudo bem. Eu só precisava contar a história de Bri.

Esse gif é tão dramático que eu nem consigo levar ele a sério
Enquanto eu voltava à Bri, eu trabalhava no Write-In que foi no sábado, dia 18. Foi aí que "Eu sou uma fraude" virou o título desse post. Eu estava me sentindo muito culpada por não ter escrito direito justo na semana em que eu organizava um evento para escritores. Além disso, naquela semana eu dei uma entrevista sobre jornalismo e como ser bem sucedida estudando jornalismo na faculdade - justo eu, que agora falo em trancar o curso pelo menos duas vezes ao dia. Eu me sentia uma fraude de verdade, mas enquanto a sensação de que eu sou uma fraude quando falo de jornalismo e sobre a faculdade ainda não foi embora, a sensação de que eu sou uma fraude por me sentir escritora foi embora naquele sábado. Eu sempre digo que estar cercada de pessoas que amam o que você ama faz bem - e é por isso que eu amo a Bienal do Livro. Naquele dia, nós compartilhamos experiências, medos e desafios. Eu me senti menos sozinha e menos errada. Senti que as minhas energias e o meu tempo estavam sendo depositados no lugar certo.
Essa última semana, então, foi maravilhosa - ou quase isso. No dia em que eu tive trabalho de casa, eu não consegui escrever e o trabalho tomou uma parte considerável do meu "tempo de escrita" (eu realmente odeio ser um ser humano adulto. E eu nem tenho uma jornada de trabalho de 40 horas semanais). Eu também tive eventos os quais eu queria que tivessem sido mais curtos, estresses que não deveriam ter acontecido e mais do que qualquer outra coisa, ódio completo pelo jornalismo, a faculdade e especialmente a maior parte das pessoas reais que existem no mundo (eu sei que meu relacionamento com a faculdade costuma ser de amor e ódio, mas eu realmente acho que logo logo darei fim a esse relacionamento tóxico. Aguardem os próximos capítulos). Mas eu voltei a escrever. E eu tive três dias seguidos de 2 mil palavras escritas e dois dias seguidos de 3 mil palavras escritas. E foi tão bom. Agora eu sinto que consigo acabar o livro nos próximos seis dias e que ele será bem mais curto do que eu tinha pensado. Eu até desativei a contagem de palavras do Word porque ela não estava ajudando em nada. Eu gosto do fato de que a literatura e a escrita voltaram a ser o lado bom da vida quando todas as coisas estão ruins. Escrever é aquilo que ninguém nunca poderia tirar de mim. Até quando eu morrer, eu provavelmente estarei escrevendo post longos em placas Ouija por aí.

Contagem de palavras ao fim da semana 3 (dia 24): 42,638 palavras

Salem é muito mood mesmo
Agora vamos às últimas coisas. A Lena do Luftmensch (que está fazendo aniversário hoje, MANDEM PARABÉNS PARA ELA) me marcou para responder à tag "Meus hábitos de escrita" feita pela Pam Gonçalves aqui no Brasil, e é baseada na tag americana criada por Kristen Martin. Nada mais apropriado do que eu responder ela aqui para tentar fazer algum sentido da forma maluca como eu escrevo meus livros. Aproveitem!

ONDE EU ESCREVO?
Normalmente no meu sofá, ou, se eu não estiver com vontade de ficar vendo TV enquanto escrevo, na minha cama (apesar da minha psiquiatra repetir mil vezes que não é para eu fazer isso). Eu já disse em algum lugar que eu preciso estar não-completamente-confortável e nem completamente-desconfortável para conseguir escrever. Isso varia, na verdade, eu posso precisar de três travesseiros para poder conseguir me concentrar na escrita ou posso ficar largada no chão por horas. Depende muito do momento. Mas quase invariavelmente eu escrevo em algum lugar que dê para ficar espalhada.

COMO VOCÊ SE ISOLA DO RESTO DO MUNDO ENQUANTO ESTÁ ESCREVENDO?
Eu só confiro se não tem ninguém atrás de mim ou perto demais da tela do meu computador e escrevo. Assim como ler, escrever não tem uma fórmula exata de distanciamento de pessoas. Se eu realmente estiver amando a história, eu vou estar cercada de pessoas e concentrada apenas nela. Às vezes eu preciso deixar a TV sem som porque quero muito me concentrar e não consigo, mas isso acontece justamente quando eu estou muito envolvida e não quero nada me atrapalhando.

COMO VOCÊ REVISA O QUE ESCREVEU NO DIA ANTERIOR?
Chorando e gemendo. Eu odeio revisar e editar. Escrever para mim é sempre a parte mais fácil e eu sei que edição faz parte do processo, mas é justamente a parte que eu mais odeio. Não por odiar ler o que eu escrevi, mas por odiar o processo de voltar atrás e encarar algo que tecnicamente está finalizado (Eu estou fazendo algum sentido?). Até revisar posts logo depois que eu escrevo é horrível, quanto mais ficção.

QUAL A SUA PRIMEIRA ESCOLHA DE MÚSICA QUANDO NÃO ESTÁ SE SENTINDO INSPIRADA?
MisterWives. Qualquer coisa MisterWives. Tem as playlists das histórias e música acústica é meu to-go para me acalmar, mas MisterWives é o primeiro lugar para onde eu corro quando tenho qualquer problema. Inclusive isso me lembrou que eu esqueci de colocar Band Camp em uma das playlists que estou ouvindo este mês. Obrigada, tag.

O QUE VOCÊ SEMPRE FAZ QUANDO ESTÁ LUTANDO CONTRA O BLOQUEIO DE ESCRITA?
Converso comigo mesma sobre a história. De preferência em voz alta, no banho. Eu tenho longos papos comigo mesma sobre o que estou escrevendo o tempo inteiro. Eu já sei que ninguém acha que eu sou normal mesmo.

QUAIS FERRAMENTAS VOCÊ USA ENQUANTO ESCREVE?
O Word. Eu nunca aprendi a me organizar de outra forma que não fosse com ele e por isso acabei gastando muito dinheiro para comprar uma assinatura permanente do Office 2013 quando mudei de computador.

QUAL A ÚNICA COISA QUE VOCÊ NÃO PODE VIVER SEM DURANTE A ESCRITA?
É clichê dizer café? Porque a resposta é café. Café e comida pesada. Eu sempre me presenteio com comida demais durante o NaNoWriMo. Eu tive overdose de cachorro-quente semana passada (comi quatro e não conseguia mais pensar nem no cheiro).

COMO VOCÊ SE ABASTECE/SE ALIMENTA DURANTE UMA SESSÃO DE ESCRITA?
Acho que já respondi isso, mas a verdade é que depender de quão envolvida ou perto da minha meta eu esteja, eu simplesmente não como durante uma "sessão de escrita". O número de vezes que eu tive que sair do computador porque estava tremendo de fome demais para escrever é aterrador. E também tem todas as vezes que eu digo que só vou fazer meu almoço quando terminar esse capítulo ou quando chegar a tal número de palavras. Meus hábitos alimentares não são nada saudáveis e é por isso que eu tenho gastrite desde os 16 anos.

COMO VOCÊ SABE QUANDO TERMINOU DE ESCREVER?
Depende de uma série de fatores. Eu não sou de planejar a história inteira, mas algumas eu começo já com um final na cabeça. Na maioria delas, o final muda várias vezes conforme eu vou escrevendo - é o que está acontecendo com Mirae -, mas algumas são completamente compostas pensando no final à vista. Outras histórias eu realmente não sei que final terão quando começo e vou descobrindo no caminho - foi o caso de A Linha de Rumo. Eu costumo ver o final antes de chegar nele e quando eu chego, eu simplesmente suspiro de alívio enquanto me preparo para os cinco estágios do luto que acontecem logo em seguida.

Finalmente, é hora da parte preferida de vocês. Eis o trecho da "semana":

- Salvar o mundo de uma ameaça imediata é fácil. – Victoria diz, brincando com a comida - Você destrói o inimigo, volta para casa vitorioso e finge que a ameaça não vai voltar. O problema é salvar o mundo de si mesmo.
As palavras dela me atingem diretamente no peito, deixando meu coração em um bolinho.
- E se... – Eu começo. – Você precisa salvar uma pessoa de si mesma?
Victoria não olha para mim, mas eu sei que ela entende o que eu estou falando. Ela pensa um pouco antes de responder.
- Vocês são os malucos por histórias de super-heróis, então me digam: Já pararam para pensar no que há em comum entre uma história de origem de um super-herói e a de um super-vilão?
- Eu sei lá, o trauma? – Madalena pergunta, levemente entediada pelo tom professoral.
- Exatamente. – Victoria concorda. - Normalmente o super-vilão enfrentou traumas muito parecidos com os do super-herói antes de se tornar quem é, e por isso é o nêmese. Seu inimigo só pode ser competição se entender suas fraquezas e o que define se você é o super-vilão ou o super-herói é o que você decide fazer com o que foi te dado, não a situação em si.
- Isso é bonito em teoria. – Eu digo, com meus amigos concordando com a cabeça ao meu redor. – Mas na prática, se uma pessoa causa mal, mesmo que não seja por vontade própria, ela precisa ser impedida. Vilania vai muito além de dilemas éticos e escolhas.
- Não significa que alguém que faz mal sem motivo esteja em um mesmo nível de vilania que alguém que causa mal com intenção.
- Isso não é homicídio culposo versus homicídio doloso. Isso é: Você tem superpoderes ruins e você veio com qualidades ruins ao mundo, o fato de que você causa mal ao mundo faz com que você precise ser impedido, não importa quão “boa pessoa” você seja.
Davi e Madalena se retesam na cadeira, notando o quanto isso está ficando pessoal. Para os policiais nas mesas ao lado, é só uma discussão ética de filmes de super-heróis como todos os nerds têm uma vez na vida.
- Você está dizendo que alguém merece ser punido pela forma como veio ao mundo? – Victoria pergunta, suave e didática.
Eu suspiro.
- Eu estou falando do bem maior.
- Surpresa: O bem maior não existe. – Victoria diz, uma rápida resposta que faz com que ela pareça ter nossa idade outra vez. – A humanidade caminha para o fim independente de quantas forças nós empenhemos em tentar salvá-la. Tudo que um herói pode fazer é impedir que o fim da humanidade seja amanhã. E garantir que ainda exista humanidade muitas vezes significa tomar a decisão egoísta de salvar uma pessoa que poderia matar milhões e dar a chance de que ela decida se fará isso ou não.

Eu nem sei se essa cena fez sentido, mas ela está aí. Inclusive, enquanto a contagem de palavras de Mirae é de 42 mil palavras, a contagem de filmes de super-heróis citados na história até agora é oito (8). Isso inclui Zoom: Academia de Super Heróis. E eu também citei A Casa Monstro, então o número de filmes com Ryan Newman citados é dois (2).
É isso. Vejo vocês em algum momento que eu não tenho certeza de qual será. Eu tenho um livro a terminar, galera!
G.