Disclaimer: Este post não foi editado. Absorvam o caos que ele transmite. Se tiver alguma frase confusa, deixa um comentário que eu explico o que eu quis dizer (se eu lembrar).

Mesmo que o mês costumasse ser meu favorito do ano, eu não tenho sido uma grande fã do mês de abril há seis anos mais ou menos. Mas esse abril passou de todos os limites do aceitável. Eu sinto que eu to vivendo a saga de filmes que eu mais odeio nesse universo: Deixados Para Trás — a trilogia cinematográfica baseada em uma série de livros que falam sobre pessoas que não foram arrebatadas para o céu antes do apocalipse por não serem Cristãos o Bastante. E eu nem digo isso por ser supercrente e acreditar que essa pandemia foi prevista na Bíblia (na verdade, eu já li Apocalipse vezes o suficiente para citar uns 5 capítulos que provam que Jesus provavelmente não vai voltar amanhã) (pronto, só porque eu disse isso, Jesus volta amanhã). Eu digo isso porque abril realmente me fez sentir que eu fui deixada para trás.
Só para começar, abril foi o mês mais curto do ano. E não é nem porque não tá acontecendo nada, até aconteceu bastante coisa. Coisas até demais. Enquanto em março ninguém queria fazer nada além de entrar em pânico, em abril a humanidade parece ter aceitado a situação das coisas e até mesmo a Kehlani, que foi a primeira artista a adiar o próprio álbum, vai lançar a bagaça do álbum na semana que vem. O ser humano tem se adaptado ao novo mundo, como a natureza humana ditava que nós faríamos. É claro que ter uma rotina faz o tempo passar rápido, mas você imaginaria que não sair da própria casa faria o tempo passar um pouco mais devagar. Além disso, eu sinto que minha insegurança com a situação do mundo aumentou em relação a março. Quando a quarentena começou, a sensação era de que ela realmente duraria 15 dias ou, se as regras não forem seguidas, pelo menos 40 dias. Hoje é o dia 49 para mim (minha quarentena começou em 13 de março) e se alguém aparecesse na minha frente dizendo que é um viajante do tempo e vindo de 2042 e que as pessoas ainda estão em quarentena, eu provavelmente mandaria a pessoa sair da minha casa, mas não teria como provar que é mentira.
E a rapidez do mês não foi uma rapidez tipo "yeee hoo, quando eu me divirto o tempo passa correndo!!", fui uma rapidez tipo quando você entra numa briga com uma pessoa muito mais forte que você e é nocauteado em 3 segundos. Quer dizer, enquanto eu escrevo isso, eu estou morrendo de dor de cabeça e tentando fazer ela diminuir com chá de maçã e canela porque acabou o ibuprofeno e se eu ligar para o delivery da farmácia vai levar pelo menos duas horas para o remédio chegar aqui. E sim, eu ainda estava tomando ibuprofeno porque eu decidi comprar nimesulida e comprei quatro caixas esquecendo que a combinação de nimesulida com o meu remédio para a ansiedade pode causar sangramentos. Eu provavelmente vou comprar cetoprofeno quando conseguir comprar mais remédio para a dor, mas eu tenho que garantir que é o revestido com omeprazol porque ele piora meu refluxo. Eu provavelmente também deveria pegar uns antialérgicos, mas chega de citar nome de remédio senão daqui a pouco o presidente vai pra TV dizendo que uma blogueira encontrou a cura do COVID-19. Eu fiquei doente quase imediatamente no começo de abril, mas isso é completamente normal. Se você me conhece ou já teve que conviver comigo durante os meses de abril a julho você sabe que eventualmente eu surjo com uma tosse ridícula que dura semanas. É uma tosse bem diferente das que são descritas pelos médicos que estão lidando com o coronavírus, carregada e persistente, que diminui com própolis e que não vem com falta de ar. Eu sabia que ia vir este ano, mas sem sair de casa, eu pensei que pelo menos fosse demorar mais um pouquinho. Mas não...
Tem anoitecido às 5 da tarde e quase imediatamente a temperatura cai tão drasticamente que a gente é obrigado a fechar todas as janelas. Isso quando não tá chovendo e, não só o tempo fica nojento, como as paredes do apartamento começam a dar infiltração (problemas que não serão resolvidos até o fim da quarentena porque a imobiliária está fechada), o que deixa ele mais frio. Além disso, minha dor de cabeça é cronometrável agora: Deu 19h, DOR DE CABEÇA TIME. No começo, quando ela vinha eu não conseguia enxergar o computador direito, mas a essa altura eu podia correr uma maratona e eu nem perceberia que tô com dor de cabeça mais.
Em março minha rotina era:

10h: Acordar
12h: Levantar da cama
13h-17h: ????????????????
17h: Coletiva de imprensa do Ministério da Saúde
18h-20h30: Crise de pânico
20h30: Jornal Nacional
21h30: Novela
22h30: BBB
00h: Chorar até dormir

Já em abril, com a demissão de Mandetta, o fim do BBB no começo dessa semana e a necessidade de pagar minhas conta, minha rotinha (sic) ficou mais dinâmica:

12h: Acordar
13h: Levantar da cama
13h10: Jornal Hoje
15h: The Thundermans
16h: TENTAR FAZER ALGO PRODUTIVO
17h: Fechar as janela tudo
19h: Dor de cabeça, se não foi produtiva até agora, já era, mas ainda assim eu finjo.
20h30: Jornal Nacional
21h30: Desligar a TV e tentar ser produtiva de novo (Fina Estampa é ruim d+++++)
00h: Ir pra cama
03h: Dormir

A crise de choro e a crise de pânico continuam acontecendo diariamente, mas elas podem acontecer em qualquer momento. É meu emocional mantendo as coisas interessantes para eu não ficar entediada sabe?? Por exemplo, ontem, eu tive duas crises de choro: Uma 16h quando minha irmã saiu para caminhar e eu caí no choro por me sentir uma fracasso completo e histórico e meia noite, quando eu comecei a chorar sobre o quanto eu amo a Kira (eu sou pisciana). E falando em emocional, apesar de eu estar tendo acesso a terapia, graças a Deus, eu só estou em um momento péssimo da terapia porque ao mesmo tempo que a gente tá acessando traumas antigos porque eu to tendo tempo demais para pensar, do nada eu começo a ter crises relacionadas à pandemia e aí bagunça a evolução que a gente estava tendo na terapia. Por exemplo, no último dia 10 foi aniversário de morte da minha mãe e eu estava caminhando para um lugar onde eu sinto que eu finalmente estou pronta pra visitar o túmulo dela. Só que eu não posso. Porque tem uma pandemia acontecendo. E não pode ir pro cemitério. E a pior parte é que o dia das mães está chegando e por algum motivo além de mim, eu não paro de sonhar com gravidez e que todo mundo que eu conheço tá grávida. Eu mesma tive uns 3 filhos nessa quarentena, de acordo com o meu subconsciente.
Eu nem vou comentar dos planos que eu tinha que estão em pausa por causa dessa bagaça. É uma porta dolorosa demais para abrir. O que eu quero falar é dos planos que eu estou fazendo durante a quarentena e que não estão sendo cumpridos porque o mundo está em chamas e cada órgão do meu corpo me odeia. Se você me segue no meu Instagram pessoal sabe bem que eu planejei uma série de lives para abril (como ilustrado abaixo), mas que isso não chegou nem perto de dar certo. Eu devo ter feito umas 4 lives. Já começou errado porque enquanto eu fazia a primeira live, no dia 1º de abril, o Instagram inteiro caiu por causa da sobrecarga de lives. Depois disso eu fiquei doente, ocupada demais ou somente deprimida. Vocês provavelmente também sabem como é ficar live no meu Instagram com 45 crianças berrando CADÊ A KIRA??????? e outras 72 berrando SPEAK ENGLISH, o que eventualmente leva a outras 96 gritando FALA PORTUGUÊS. É emocionalmente exaustivo e eu já estou emocionalmente exausta. Então talvez eu faça outras lives no futuro, mas não vai ser agendada mais, vai ser DO NADA e vai ser DO JEITO QUE EU QUISER.



A verdade é que pelos últimos 9 meses (desde que eu me formei) eu tenho priorizado trabalhos que me trazem retorno financeiro. E é por isso que mesmo dizendo que eu falaria sobre LA, eu acabei postando o último post, que supostamente era para ser pago. Eu acabei não sendo paga por ele porque o que eles queriam era um post inteiro sobre compras na internet e eu respondi que não me sentia confortável escrevendo um post inteiro sobre compras na internet no meio de uma pandemia. Nem combina com o meu estilo. Talvez depois disso eu nunca mais consiga fazer parceria com eles, mas não tem problema. Por mais que doa no meu bolso (e dói bastante), não é o momento certo de fazer o que o capitalismo pede de mim. KIM, THERE'S PEOPLE THAT ARE DYING.
Então, eu não faço mais promessas. Eu vivo um dia de cada vez tentando priorizar qualquer que seja a obrigação que eu quero completar no momento. Eu sigo as minhas próprias regras. Aqui é chaotic neutral ou nada. De qualquer forma, se você se padeceu pela minha completa irresponsabilidade e quiser apoiar meu estilo de vida pecador, eis a série de opções: 1) Apoiar a campanha de Vozes que ainda tá rolando e sendo atualizada! 2) Mandar um café para mim no KoFi! e 3) Se inscrever no Set List, meu blog musical em inglês, no Patreon e 4) Fazer compras na Amazon através deste link, o que possibilita que eu receba uma comissão. Esses são os projetos me mantendo viva no momento e fazendo com que eu me sinta uma profissional. O retorno é pequeno, mas existe. Esse mês quando o dinheiro da Amazon caiu eu estava sem dívidas ou coisas extras para comprar e eu pude comprar meu creminho de cabelo e finalmente lavar o cabelo depois de 15 dias. Outra forma de me ajudar é me marcar em toda e qualquer vaga de emprego remota (ou local para Vitória da Conquista) que vocês encontrarem na internet. Nem precisa ser em jornalismo mais, antes da quarentena começar eu tava conversando com minha psiquiatra justamente sobre procurar empregos fora do jornalismo. Mas se antes não tinha emprego, agora que não tem. E isso de ter uma profissão essencial, mas não ser funcionária essencial por estar desempregada fode com a sua cabeça.
Anyway, é isto.
Até quando eu quiser,
G.