Todos os posts do Quebrei a máquina de escrever só são possíveis graças aos nossos apoiadores no PicPay Assinaturas. A partir de R$1 por mês, você ajuda a tornar a fazer o blog acontecer. Clique aqui e apoie. Para ver outras opções de apoio, inclusive gratuitas, visite a aba "Apoie".


Eu escrevi e reescrevi o primeiro parágrafo deste post umas cinco vezes. Na sexta vez, eu me dei conta de o que tava me incomodando era a ideia de que este post é um grande marco significativo só porque eu passei quase dois meses sem conseguir postar aqui. Mas ele não é. Nada aconteceu, não tem anúncio nenhum ainda, nada demais está rolando. E é pela normalidade completa que tem tomado os meus dias que eu resolvi voltar aqui para o blog.

Nem tenho um bom motivo para ter ficado tanto tempo sem aparecer por aqui. Eu tenho trabalhado muito, é claro. E o YouTube e outros conteúdos em vídeo têm consumido bastante do meu tempo. Mas eu também tenho várias ideias e projetos de posts, eu só não os escrevi ou terminei ainda por motivos até bem justificados. Só que por alguma razão, que somente meu tico e teco explicariam, só quando eu consegui alcançar o valor mínimo de saque do AdSense, eu consegui parar para escrever.

Eu estava avaliando o que eu escreveria enquanto espero o timing certo dos outros posts já em construção e disse "Ah, foda-se, vou escrever um update". Updates são mais fáceis porque eu só preciso contar para vocês o que está rolando na minha vida. O que eu não contava era com o fato de que simplesmente pensar no que está acontecendo na minha vida e como eu contaria o que está acontecendo na minha vida publicamente, me causaria uma crise.

Mais cedo este ano, eu me mudei para um apartamento novo — como acontece praticamente uma vez por ano. Só que este apartamento é no mesmo condomínio de uma das minhas melhores amigas, e ex-colega de faculdade, o que significa que agora eu vejo meus amigos com mais frequência (e com MUITO mais frequência do que nos últimos dois anos). Esse novo arranjo deixa mais tempo para conversas profundas e reflexões sobre a vida.

Lá quando eu ainda estava desempregada, no começo deste ano, a gente estava falando sobre como as pessoas compartilham demais sobre a própria vida profissional no LinkedIn. Essa é a ideia da rede social, é claro, mas sendo alguém que está criando conteúdo há 11 anos e se sente observada pelo próprio público, eu vejo essas coisas com certo estranhamento. O universo profissional que a gente vive na cidade é bem pequeno e intenso e às vezes parece que o mundo está contra a gente — é claro que, eu me sinto assim por batido de frente com muita gente... eu não diria poderosa, mas que consegue exercer certa influência às vezes.

Eu já tinha decidido que não mencionaria o nome das empresas que eu trabalhasse lá em 2020, depois de ter sido demitida do meu primeiro emprego oficial pós-faculdade (e de ter sido stalkeada por ex-professores no Facebook naquele mesmo dia). Originalmente, eu queria ter liberdade de falar sobre minha experiência sem sentir que estava sendo observada. Ate que ano passado, eu trabalhei com uma empresa em que eu finalmente acreditava e que me sentia confortável e me sentia crescendo. Então, eu citei nomes e até divulguei o trabalho deles. Falha minha, fui demitida do mesmo jeito e a empresa mudou completamente sua área de trabalho me fazendo perceber (depois de chorar muito e de várias terapias) que os meus valores e os meus propósitos estavam certos, eram eles que não tinham esses mesmos valores.

Quando eu finalmente entrei na empresa que eu estou agora eu me dei conta de que eu queria compartilhar o mínimo possível na internet. O mínimo do mínimo do mínimo. Eu entrei estabelecendo metas, fazendo planos e estou feliz e orgulhosa do que faço. Mas além do fato de que trabalho como analista de social media e o que eu mostrei para vocês sobre minha rotina do trabalho no último vlog (abaixo) que eu postei, não quero compartilhar mais nada, por enquanto. Em algum momento será a hora certa de compartilhar, mas não agora.


É até engraçado pensar assim, porque eu só bem recentemente comecei a me definir como criadora de conteúdo. E existe essa ideia de que criadores de conteúdo são obrigados a abrir mão da privacidade e deixar as portas abertas para a crítica do público. Todo mundo sabe que quando eu comecei aqui no blog eu compartilhava sobre tudo — absolutamente tudo, eu achei um post esses dias onde eu, aos 13 anos, me gabava sobre como meu absorvente só vazou quando eu mudei de uma saia branca para uma saia preta —, mas agora as coisas são bem diferentes.

Meus amigos comentaram recentemente sobre como depois que eu virei social media, eu fico menos no celular, porque já comecei a associar o celular com trabalho. Isso é bem verdade, mas ao mesmo tempo é mais do que isso. A realidade têm parecido mais interessante para mim, a vida. Eu estou gostando menos de ficar sozinha e gostado mais de fazer coisas como o voluntariado de doulagem que eu faço em um hospital daqui. A vida tem sido melhor porque ela me permite explorar coisas que eu ainda não conhecia, enquanto a internet é algo que eu conheço bem demais. E até no celular, as conversas têm sido melhores do que as redes sociais em si.

Não me entendam mal: Eu ainda passo umas 16 horas por dia no celular e pelo menos 12 na frente do computador, mas é porque este é o tempo que eu passo trabalhando (e eu amo meu trabalho) ou conversando com pessoas que eu gosto. O celular não é mais um mecanismo de defesa, algo que eu uso para me esconder e disfarçar da vida real. E eu sinto que isso vai ser mais e mais verdade agora que eu comecei a tomar meu remédio de TDAH. Meu pobre cérebro e sua dificuldade em processar dopamina e noradrenalina encontrou no algoritmo da rede social um lugar seguro e agora que eu consigo processar os dois melhor, a necessidade vai diminuindo.

Mas eu comecei a medicação na semana passada e eu tenho estado com uma gripe do cão durante todo esse período. Nem dormindo direito eu estou e eu não sou eu mesma quando não durmo bem. Não dá pra ter certeza de como meus dias serão quando estiver melhor E medicada. Honestamente, não dá pra ter certeza de que eu vou concordar com metade do que eu disse neste texto semana que vem. A vida tem dessas coisas, você pode levar uma rasteira antes de ter tido tempo de processar de onde vem o sentimento bom que você sente no momento.


Um efeito negativo dessa coisa toda é que se eu não posto as coisas boas que acontecem na minha vida, a impressão é de que eu só sei reclamar na internet (o que, eu poderia argumentar, é a função da internet, mas não interessa porque eu sou criadora de conteúdo e eu preciso ser cuidadosa com o conteúdo que eu posto). Eu só percebi que tal conteúdo anda preocupante semana passada, quando comecei a receber um monte de conselho não solicitado sobre coisas que definitivamente não me incomodam ou me preocupam tanto assim.

Quer dizer, é bem real que financeiramente as coisas não estão perfeitas ainda e que, em alguns dias, R$1,50 pode definir quantas refeições eu vou comer no dia. Na live de sexta no YouTube, eu comentei sobre como eu defini que o prêmio do sorteio seria pago em 15 dias úteis porque eu não tinha como saber quando o canal chegaria a 1000 inscritos e quando o sorteio aconteceria e eu, definitivamente, não tenho R$100 para simplesmente pagar sem planejamento antecipado. É por isso que coisas como engajar com os anúncios do Google que aparecem aqui no blog, assistir aos vídeos do YouTube para que eu possa monetizar o canal o quanto antes ou ler meus livros no KindleUnlimited, fazem muita diferença.

Mas a falta de dinheiro é uma realidade universal no momento. Eu e todo mundo que eu conheço está só fazendo o possível para sobreviver, se sustentar e se ajudar. E tão ruim quanto esteja no momento, meses atrás era muito muito pior. Além disso, eu sempre serei uma pessoa que tem sonhos e objetivos e enquanto eu trabalho para conseguir alcançá-los, volta e meia eu vou reclamar que eu não posso acordar e realizar eles amanhã. Não quer dizer que eu não ame minha vida e que eu não esteja no caminho de realizar meus sonhos.

Eu não sei ser o tipo de influencer que consegue apresentar a vida sempre de uma forma perfeita e invejável. Simplesmente não sou eu. Mesmo quando eu estou feliz e satisfeita, a minha vida é boa para mim, porque eu que controlo as escolhas que fazem da minha vida na minha vida. No final das contas, eu sei que eu manifestei a vida que eu tenho hoje. E eu sempre soube que ela não seria fácil, mas existe o inacreditavelmente difícil e existe o difícil que faz parte da vida. No momento, eu vivo o difícil que faz parte da vida. E tá tudo bem reclamar!!! Você já viu o mundo em 2022, pelo amor de Deus?

Não é bem que eu tenha medo de compartilhar as coisas boas, é só que eu aprendi que esse compartilhamento precisa ser feito no momento certo. Compartilhar com quem eu sei que me ama e deseja o meu bem primeiro e depois, quando eu me sentir segura, eu deixo o mundo entrar na minha vida. Mas eu serei mais cuidadosa com o equilíbrio entre coisas ruins e coisas boas que eu compartilho. Talvez ser menos descritiva sobre o vai e vem da minha gripe no Instagram.

G.

P.S.: Eu acabei de achar minha lista de coisas para fazer antes dos 25 anos (que eu não lembrava onde estava) e vou precisar que vocês me mandem força pra eu fazer tudo nos próximos 8 meses.