OLÁ, INTERNET, E FELIZ DIA NACIONAL DO ESCRITOR!! Primeiro, parabéns aos meus colegas de profissão. É preciso ser completamente doido e completamente incrível para desejar essa vida com tanta vontade quanto a gente deseja. É por isso que nós temos dois dias por ano para comemorar, nacional e internacionalmente. Então, se você deseja algo hoje, faça. Cuide de si mesmo. Coma aquele chocolate. Beba aquele vinho. Mate aquele personagem. É seu dia. Segundo, obrigada aos meus leitores (apesar de nenhum de vocês ter me dado feliz dia nacional do escritor hoje, eu não guardo mágoas) (guardo sim, mas não estou magoada) (juro). Vocês têm que aguentar os piores e os melhores lados de mim. Meus assassinatos de personagens sem piedade, meus textões reclamando da vida, minhas filosofias sem sentido. Vocês tiveram que passar por toda a construção da Giulia Escritora™ (da qual eu vou falar um pouco neste post) desde a garota meio perdida de 13 anos à mulher completamente perdida de 19. Obrigada. Espero que estejam aqui para as próximas fases dessa história maluca. Agora, vamos ao post:
Quando a gente começa o terceiro ano do ensino médio ou está na faculdade, tem sempre um professor ou colega lembrando: depois da formatura, se você não tiver um trabalho garantido ou continuar a estudar, você entra nas estatísticas de desempregados. Nos dois meses entre a minha formatura e o resultado do vestibular que me aprovou, eu enchia o peito e dizia: Eu não sou desempregada, sou escritora. Não que fosse profissional (sem livros publicados e sem ganhar dinheiro com a minha escrita), mas eu não parei de trabalhar naqueles meses. Dois anos depois, um fio de desespero atravessou minha espinha em um momento de reflexão: O que eu estou fazendo com a minha vida? Se eu quero ser escritora e ser reconhecida como uma porque eu estou deixando minha vida acadêmica tomar conta de mim e de tudo que eu faço? Por que eu estou agindo como alguém que quer escrever um dia ao invés da escritora que eu dizia que era antes da faculdade? Eu queria que as pessoas me conhecessem como um projeto de jornalista ou como uma escritora completa?

Eu, depois de dois dias de aula do novo semestre, cheia de coisa para fazer no estágio e com duas deadlines correndo na minha direção como um ônibus sem freio descendo o monte Everest
Vamos avaliar toda a situação: Eu ainda não ganho dinheiro com a minha escrita. Isso tem seus lados bons - escrevendo apenas para o blog e trabalhando nos meus livros e histórias sem a pressão do mercado, eu posso experimentar, testar loucamente e me descobrir. Sou jovem e ainda não preciso me sustentar da minha escrita. Eu estudo, (agora) estagio e vivo bem. É a hora de me aventurar e cometer erros. Por outro lado, isso faz com que a escrita não pareça real. Se eu não estou fazendo isso com um objetivo final, para quê estou fazendo? (Além da razão óbvia: Não ficar doida com ideias acumuladas). Tenho um público relativo no blog e de vez em quando tem alguém novo que me manda mensagem ou comenta que veio aqui e se divertiu com um post. Isso é bom, mas não é o motivo pelo qual eu faço o que faço. E eu preciso começar a focar justamente no motivo pelo qual eu faço o que faço.
Quando eu estou na faculdade, eu sei qual a linha de chegada: A formatura. Os trabalhos, as provas, a apresentações, os textos, as xerox, a nota, isso tudo é feito pensando na formatura e no diploma. No dia em que eu vou poder pensar: Terminou. (Essa é a parte em que os acadêmicos endoidam: Os amantes da academia e da profissão vão dizer que eu deveria estar pensando na minha formação enquanto jornalista e comunicóloga e não na formatura. Os deprimidos e fatalistas vão dizer que não adianta muita coisa eu querer me formar se no dia seguinte eu serei desempregada. Eis os fatos: Se não houvesse uma chegada, se fosse para eu passar o resto da minha vida nesse universo acadêmico, eu não estaria fazendo faculdade. Só que eu também não entrei na faculdade sem motivo e apenas para ter um diploma. Entrei porque cursar o ensino superior era importante para mim, entrei porque eu queria saber mais, entrei porque eu me interessava por jornalismo. E, é claro, entrei porque precisava de um plano B. Então sim, eu quero meu diploma e faço tudo por ele, mesmo que fique desempregada, mas eu não tenho amor nenhum pelo universo acadêmico e pelo desespero e sensação de ser um fracasso que já voltou, mesmo com apenas dois dias de aula. Eu quero que isso termine logo.). Na escrita, as coisas se embolam. As linhas de chegadas estão mais próximas, são menos complicadas. A linha de chegada é terminar um livro, escrever um conto, chegar a uma meta de palavras. É liberar um post a cada três dias para que meus leitores não esqueçam de mim. É fácil dizer para mim mesma que eu preciso colocar mais da minha energia na corrida da faculdade do que na corrida da escrita, porque a pista da primeira é mais longa, mesmo que a pista da segunda seja cheia de obstáculos. (Essa metáfora foi a coisa mais aleatória que eu escrevi este ano.).

E essa sou eu no dia seguinte percebendo que eu preciso lidar com pessoas e prendendo a respiração para ver se Deus me leva
O que realmente me fez decidir pela escrita e fazer algo concreto este ano foi o desespero. Uma tia minha comentou sobre a proximidade do meu aniversário de 21 anos - a data em que a previdência social vai me considerar velha o suficiente para ser responsável pelo meu próprio sustento - e toda vez que o dia 18 de cada mês chega, eu conto quantos meses faltam para a data e grito internamente. Eu estabeleci uma meta: Se dentro de um determinado espaço de tempo, eu não estivesse recebendo pelo meu trabalho dentro da minha própria área, eu iria trabalhar em outra coisa, pelo menos temporariamente. Isso significava que eu não tinha tempo para experimentar e seguir algumas regras sem sentido que eu mesma inventei. Significou tirar livros que estavam "no armário" porque eu queria ter "uma ordem de publicação", significou editar os livros em questão com deadlines sérias, mesmo que isso significasse virar noites e os editar enquanto estava indo para a faculdade (Vocês não fazem ideia de quantas canetas eu perdi editando livros no ônibus), significou me jogar em leituras, pesquisas, estabelecer limites para as pessoas ao meu redor e desligar o WhatsApp quando eu precisava, significou me jogar de cabeça em todo concurso literário que eu vejo pela frente e finalmente decidir em qual editora eu quero focar meus esforços depois de todos eles. Também significou um monte de projetos secretos dos quais eu espero poder falar logo, porque eu não sei guardar segredo. Eu só estou na metade do caminho. Preciso expandir minha rede de contatos e finalmente conseguir meus freelas em jornalismo cultural. Preciso voltar a Mais Uma Vez, fazer as atualizações que preciso, passar ele por leitores sensíveis, fazer a publicação independente que eu tinha dito que faria se fosse necessário. Preciso continuar.
O resultado disso tudo - no curto prazo dos últimos três meses - é que mesmo que eu ainda não esteja recebendo pela minha escrita, agora ela parece real. Agora eu vejo as pequenas coisas que eu adiciono no meu currículo com um sorriso bobo no rosto porque estão ali. O momento em que eu vi o nome do meu livro na lista dos classificados para o concurso literário de um selo de um dos maiores grupos editoriais do Brasil, foi que eu pensei: Cara, eu realmente escrevi um livro. Não interessa se foi bom ou se vai ser aprovado. Eu escrevi mesmo (pelo menos) um livro que é realmente considerado um livro. Um livro que uma editora recebeu em mãos e pensou que era livro o suficiente para o concurso deles. Eu vejo a linha de chegada com mais clareza agora e ela é uma vida confortável fazendo o que eu amo. Noites de cansaço bom sendo compensadas por comida na mesa. Eu sei que tenho sorte nesse quesito e que já vivo uma vida confortável graças a garantias de quem veio antes de mim. E eu quero honrar isso fazendo o que eu amo e me esforçando dentro disso. Nos últimos 19 anos, realizei pequenos impossíveis e quando a síndrome de impostor permite, eu consigo vê-los com clareza - vamos caminhar para os grandes impossíveis.
G.