Se não for para resumir minhas semanas com frases abstratas e sem sentido - como "uma esfera mística de luz" - eu nem quero. O post do Diário Artístico da primeira semana de NaNoWriMo tem este título porque mais do que nunca nestes 11 dias, eu desejei me libertar das fraquezas da minha casca humana e me tornar apenas o que minha alma é: uma esfera mística de luz que sobrevive apenas de arte e funciona durante todo o tempo em função dela. Resumindo: ESSA PRIMEIRA SEMANA DE NANOWRIMO FOI COMPLETAMENTE INSANA. E eu sei que 11 dias é mais perto de duas semanas que de uma só, mas eu precisei prolongar a semana o máximo que podia para conseguir escrever este post sem me sentir um fracasso completo, então acompanhem meu fluxo. Além disso, eu estou estagiando em dois setores, terminando um semestre e organizando um evento (QUE TODOS OS LEITORES DO BLOG EM VITÓRIA DA CONQUISTA SÃO OBRIGADOS A IR!!! INFORMAÇÕES NO FINAL DO POST), então eu preciso adaptar as agendas de escrita a todas essas coisas, infelizmente.
De qualquer forma, aqui estamos, depois de onze dias inteiros de NaNoWriMo e com mais ou menos 1/4 de livro escrito, além da menor contagem de palavras dos três últimos anos. Eu estou sendo forçadamente otimista a essa altura.

Eu, quando alguém começa a falar de assassinatos perto de mim agora que eu estou escrevendo um livro que gira em torno de dois assassinatos.
Como sempre, meu NaNoWriMo começou dia 31/10 às 23h - 1/11 às 00h, pelo horário de Brasília. Eu tinha chegado em casa duas horas antes, depois de ter passado outras duas horas no salão de beleza (pela primeira vez em dois anos) escovando o cabelo (pela primeira vez em quatro), para que a fantasia da festa de Halloween à qual eu iria no dia seguinte estivesse completa. Eu tinha planejado fazer um monte de coisas antes que o NaNoWriMo começasse, mas esse navio naufragou e a trouxa que vos fala ficou só sentada no chão esperando 23h para começar a escrever. E assim que começou, eu entrei no modo NaNo. Foram duas horas me adaptando ao Estar Escrevendo Um Livro e meu cérebro finalmente se encaixou no fluxo da história. As primeiras horas de NaNoWriMo são sempre boas e ter aquele tempo para me dedicar foi muito bom. Eu terminei a noite às 02:02 com 2,090 palavras escritas. Na manhã seguinte, depois de ter faltado aula por não ter conseguido acordar (típico), eu terminei outro capítulo e completei as 3,504 palavras do primeiro dia. (Já que a meta é escrever 100K, a meta diária é 3,334 palavras). Eu queria muito ter voltado a escrever, mas isso não foi possível. Porque foi aí que começaram as encrencas.
Durante os primeiros dias de NaNoWriMo, eu enfrentei algo que não tinha enfrentado nos últimos dois anos, mas que enfrentei quase todo o ano de 2017: Eu tinha o que escrever - um livro muito mais planejado com antecedência do que A Linha de Rumo e Tóxico - e sabia como escreveria, eu só não tinha tempo para escrever. O NaNo deste ano é o mais complexo, aquele ao qual eu mais preciso me dedicar e, ao invés disso, ele está sendo impedido pelas minhas outras obrigações. E eu fico culpando a quem? A mim mesma. Para escrever um livro de 100 mil palavras, eu preciso ter 50 mil escritas até quarta-feira que vem. É possível, mas sabe com quantas pessoas eu vou ter que gritar para isso acontecer? Muitas. Talvez eu termine novembro sem amigos e todos os meus colegas me odeiem.
No dia 1º de novembro eu fui a uma festa que acabou muito mal e mesmo que a minha fantasia de Halloween seja meu orgulho de 2017 e eu tenha conseguido alcançar tudo que eu queria dela, a festa flopou, em termos simples. Eu acabei tão cansada (de andar na rua procurando outra coisa para fazer) que perdi o dia seguinte inteiro, primeiro dormindo, depois na rua demorando para pegar ônibus e finalmente, em casa fazendo faxina. Tudo que eu consegui escrever no dia 2 foram 17 palavras, e ainda escrevi apenas porque quero o badge de 30 dias seguidos de escrita. (Eu sou competitiva, superem). Depois de dois dias com resultados MUITO inferiores aos dos anos anteriores e considerando o fato de que eu sou mais dedicada a escrever sempre no começo, exatamente no meio e no final, eu estava me sentindo estranha. Não parecia NaNoWriMo direito, não como os últimos anos foram e isso estava me enlouquecendo.
Um dos motivos pelo qual o capítulo 1 de Mirae é o meu primeiro capítulo preferido é o fato de eu ter me desafiado nele. Eu coloquei minha personagem principal em uma sala cercada de espelhos e obriguei ela a se descrever sem olhar para eles. Eu deixem as próprias paranoias e sentimentos profundos da personagem contarem a história da morte de seus pais e destacarem os primeiros sintomas dos seus poderes. No NaNoWriMo, dias bons são cercados de escrita assim, mas parte do desafio são os dias ruins, onde toda a sua escrita parece um lixo e você odeia o que escreve. O desafio é se forçar a escrever mesmo que você não queira. Colocar no papel palavras que não são perfeitas, incríveis e apaixonantes, mas são palavras da sua história. Os dias depois do segundo dia de NaNoWriMo tiveram muito, muito disso.

Eu tentando escrever uma pauta no trabalho, quando minha cabeça está em Mirae
O dia 3 veio em outra onda confusa. Deveria ser o dia em que eu recuperaria tudo que não estava conseguindo escrever nos dias anteriores, mas eu não fiz nem de longe tanto quanto eu queria ter feito. Eu não consegui escrever de madrugada, porque estava exausta, e durante o dia eu não consegui entrar em um ritmo NaNoWriMo. Pensando em retrospectiva, talvez a culpa disso tenha sido o fato de que eu estava me pressionando a recuperar os dias anteriores e dar mais de mim do que eu conseguia (o que eu ainda estou fazendo), considerando que era o comecinho do NaNoWriMo e eu deveria me preocupar só com montar uma base para o livro. Eu escrevi 3,563 palavras no dia 3, o que elevou meu total para 7,808, mas eu precisava estar com 10,002 palavras se quisesse estar na meta. O dia 4 também não foi muito melhor que isso, com visita em casa e a perfeita distração da programação da Nickelodeon e mesmo que eu quisesse escrever 7,7 mil palavras em um dia só, meu resultado foram apenas um pouco mais que as palavras que eu escrevi de madrugada. 1,852 palavras no dia 4, aumentando o total para 9,660.
Então no dia 5, o mais absoluto desespero tomou conta de mim cedo de manhã. Isso e o fato de que eu tinha várias coisas do estágio e da faculdade para fazer e nada me faz ser mais produtiva na literatura do que não querer fazer coisas do jornalismo - um exemplo claro é este post (eu tenho a minha parte de uma análise de mercado a terminar. Por um lado, é o último trabalho teórico do semestre. Por outro, eu prefiro literalmente morrer). A meta para que eu ficasse em dia era 7 mil palavras para que eu alcançasse 16,070. Depois de um dia inteiro passado escrevendo em todos os cantos da minha sala, eu terminei o dia 5 com 5,833 palavras escritas e uma contagem total de 15,493. Eu terminei no meio de um capítulo e perto demais de dois capítulos que eu precisava reescrever para não continuar escrevendo, então eu só fui. Ainda naquela noite, eu escrevi cerca de duas mil palavras e reescrevi outras duas mil. O resultado é que ainda na madrugada do dia 6, eu subi minha contagem para 19,868 palavras e quando fui validá-las no contador do NaNoWriMo, essa contagem ainda subiu para 20,271. Não só eu me recuperei, como alcancei minha contagem do dia antes das três da manhã. Mesmo que parte daquelas palavras tenham sido reescritas, eu ainda escrevi umas boas 8 mil palavras em um espaço de 24 horas. Meu pulso queimava, minha cabeça doía, mas eu estava extremamente orgulhosa de mim mesma.
É claro que, na manhã seguinte, por já ter alcançado minha meta, eu tinha perdido as razões para procrastinar meu trabalho acadêmico e do estágio e precisei me envolver nele o dia quase inteiro. Eu terminei o dia 6 com 4,778 palavras escritas, aquelas 20,271 palavras totais. Então veio o dia 7. Queria poder dizer que foi o maior colapso nervoso do ano, mas este foi o ano do colapso nervoso, então provavelmente não é verdade. Eu basicamente tive um dos piores e mais cheios dias da minha vida, e justo quando eu jurava que estava tudo sob controle e que eu ia ficar bem no final, ter passado 40 minutos na chuva esperando ônibus na volta para casa, cortou o fio vermelho do meu cérebro e eu terminei o dia gritando e chorando. Literalmente. Ainda assim, entre uma reunião e outra (foram 3, apesar da última não ter acontecido), uma pauta e outra (foram 2, com todo esforço de marcar, falar com entrevistado, pesquisar e etc) e uma longa conversa sobre o estado da homepage que eu estou fazendo no outro setor em que estagio, eu acabei conseguindo enfiar 1,405 palavras no dia 7. Foi aí também que eu comecei a adiar escrever este post, porque, como dito anteriormente, eu estava tendo um colapso nervoso. E apesar de eu saber que as pessoas (eu inclusa) usam este termo levianamente eu gostaria de repetir: Gritando e chorando. Literalmente. Literalmente gritando e chorando.
E é claro que eu acordei no dia seguinte passando mal e não pude ir pra aula. Eu consegui enfiar algumas palavras antes da hora de ir para o trabalho, mas não consegui parar por tempo o suficiente no resto do dia. E eu não queria me punir por isso, porque eu não estava bem e eu me conheço quando eu não estou bem. Terminei o dia 8 com 1,418 palavras. Dia 9 foi feriado na cidade e mesmo que eu tenha passado a primeira metade dele sendo produtiva, no resto dele, nem tanto. Além disso, minha produtividade não foi focada no livro e eu terminei o dia 9 com a segunda menor contagem do mês, 20 palavras. Eu escrevi para o meu Projeto Secreto no dia, um capítulo inteiro. Vocês lembram dele? O projeto que eu digo que uso para equilibrar minhas energias? Eu usei ele naquele dia justamente para isso e funcionou como um encanto. Então no, dia 10, eu passei o dia resolvendo um milhão de coisas na rua, incluindo o local onde acontecerá o evento que eu citei e depois de divulgar o 1º Write-In Conquista no Facebook, eu voltei para Mirae com vontade, fechando o dia 10 com 508 palavras e fechando o total em 23,622 palavras. Mais ou menos 10 mil palavras a menos do que minha meta, mas eu não estava brava comigo mesma graças ao lixo de semana que tive. E eu continuei escrevendo até as duas da manhã, então não tinha motivo para ficar brava mesmo.
Finalmente, dia 11, também conhecido como ontem. Por uma coincidência da vida, eu estava no capítulo que se passava no dia de ontem. Inclusive, eu não faço a minima ideia de quantos capítulos Mirae tem no momento, porque os capítulos são marcados apenas pelo número de dias que faltam até fim do próximo ciclo de Mira - ou o dia em que a Bri vai mudar a realidade. Então cada capítulo é um dia, mas eles não são diários. Os últimos três capítulos que eu escrevi, por exemplo, foram 119 dias (11/11/17), 117 dias (13/11/2017) e 115 dias (15/11/2017). Os capítulos também variam muito de tamanho, alguns sendo um dia inteiro, enquanto outros são apenas uma cena. Mas por que eu comecei a contar isso tudo mesmo? Ah é, o meu dia de escrita ontem. Eu passei o dia quase inteiro (depois de ter ido na rua resolver coisas do Write-In) largada no sofá procrastinando o trabalho de Comunicação e Mercado e escrevendo sem tentar me forçar a trabalhar demais. Só parei quase 2 da manhã porque estava passando um especial no Investigação Discovery sobre o primeiro assassino em série dos Estados Unidos e eu queria saber o final... Mas isso é história para a semana que vem. A contagem de palavras do dia 11 foi 3,878 palavras.

A contagem final da minha semana de 11 dias é: Exatas 27,500 palavras.
O que é menos do que as semanas de 7 dias do NaNo 2015 e do NaNo 2016, mas a gente finge que tudo está sob controle.


Falando do livro em si, entre as surpresas positivas na primeira semana nós temos: Nicole e balé. A Nicole era para ser apenas uma personagem secundária, que quase não apareceria no livro direito. Uma cena com Nicole depois, o Golden Trio - trio de três personagens principais - virou o Quarteto Fantástico. Eu tive que reescrever boa parte das cenas que já tinha escrito graças a isso, inclusive, porque agora eu estou muito apegada a ela. Outra coisa é o balé, que deveria ser uma parte relativa da vida e da personalidade da Bri, mas se tornou algo absurdo de grande na história. Existem essas quatro storylines grandes borbulhando na história: O assassinato, os poderes da Bri e de outros personagens, os universos paralelos e o balé. A cena do recital de Dia das Bruxas era para ser um ponto de passagem entre um momento da história e outro e acabou se tornando um dos meus capítulos preferidos. Além disso, apesar do que eu disse sobre palavras que não são perfeitas ou incríveis, eu estou mais do que animada com alguns capítulos sobre os quais eu pensei muito durante os últimos meses. Como a cena em que a Bri entra na sala infinita e uma estrela conta para ela o que as marcas de nascença no seu pulso direito significam. Não olhem pra mim assim! É um livro estranho.
E AGORA É CHEGADO O MOMENTO EM QUE VOCÊS ESPERAVAM. Como vocês viram lá em cima, eu já postei um trecho de Mirae no Facebook no dia 3 de novembro, como eu faço todo ano. Mas também é tradição postar um trecho do livro nas atualizações semanais, então aqui vamos nós:

- Brigitte Etoile Santos de Bragança. – A mulher chama novamente.
Eu nunca a vi na vida. Ela tem sotaque de longe, mas eu não consigo identificar de onde exatamente. Também tem o cabelo louro queimado e os olhos marcados de alguém que passou muito tempo da vida no sol, mas não parece ter mais que 30 anos.
- Presente? – Digo, mais uma pergunta do que uma resposta, tamanha é minha confusão.
Os olhos da mulher se voltam para mim e ela abre um sorriso discreto antes de seguir com a chamada. Ela escreveu seu nome no quadro em algum momento: Victoria Tate. Eu nem tenho certeza de como pronunciar esse sobrenome, mas parece ativar o canto do meu cérebro que avisa que é horário de aula de inglês. Mudaram a professora faltando um mês e meio para o fim do semestre e no meio de um feriadão.
Tento voltar ao meu desenho, mas algo me deixa inquieta quase que imediatamente e eu me pego prestando atenção na aula. Victoria apresenta seus planos para os últimos meses de aula, dizendo que não pretende aplicar provas escritas – o que anima todo mundo -, mas pretende testar nossa pronuncia e nossa habilidade de escuta. A voz dela é suave e sua própria pronuncia tem algo de perfeito, cristalino e intocável. Eu me pego sorrindo em vários momentos da aula, o que é algo que só Madalena costuma conseguir arrancar de mim.
Quando a aula termina é intervalo e quando a turma toda sai, eu me pego sozinha na sala com Victoria. Ela fica fazendo anotações em um caderno e eu pego uma maçã na mochila e o livro que estou lendo. Também não consigo me concentrar no livro e me pego observando seus movimentos. Depois de um tempo a professora percebe o que estou fazendo e olha de volta para mim.
- Tudo bem, Brigitte? – Ela pergunta.
- Bri. – Corrijo, quase que automaticamente. – Brigitte é muito atriz francesa do século XX. – Explico.


O que acharam? Não é o melhor trecho, mas é do comecinho e esse livro fica cada vez mais maluco conforme os capítulos passam, então é melhor eu guardar as estranhezas para as semanas seguintes. Finalmente atingimos a última parte do post. Eu apresento a vocês o primeiro evento organizado pelo Quebrei a máquina de escrever e pelo Azul Turquesa Jornalismo - ou seja, por euzinha - o 1º Write-In Conquista:



É isso aí! Com o apoio da franquia da Livraria Nobel em Vitória da Conquista, eu estou organizando um encontro de escritores no próximo sábado às 13h, no Shopping Conquista Sul. Vai ter comida, roda de conversa, espaço de compartilhamento de projetos e eu já disse comida? É para escritores estreantes, profissionais e amadores, de todos os gêneros, estilos e inspirações, então mesmo que você só tenha escrito um poema em 2005, está mais do que convidado a ir. Vai ser uma tarde divertida e além de estar distribuindo marcadores de As Crônicas de Kat, eu posso ter outras surpresas para os leitores do blog lá no evento. Eu estou implorando para você que está lendo ir. Nem que seja pela comida! Vai ser divertido, prometo. Mesanino da Livraria Nobel do Shopping Conquista Sul. Sábado dia 18/11, 13h. Confirmem presença no evento do Facebook!
E foi isso. Eu volto no domingo que vem com a atualização da segunda semana de NaNoWriMo (vou fazer todo domingo, porque é o dia que fica melhor para mim) e com informações sobre como foi o Write-In (a parte estranha é que eu tenho quase certeza de que não vou escrever nada nessa tarde, mas eu não ligo. Eu só estou no clima de organizar os eventos aos quais eu quero ir e meu currículo vai ficar lindo). Agora eu preciso ir porque eu tenho uma análise para terminar. Deus me defenda.
G.