É entediante o fato de que toda vez que eu venho aqui no blog é pra falar sobre trabalho? Eu imaginei que fosse e fiz de tudo para que o post depois do último fosse sobre outra coisa que não fosse trabalho. O problema é que minha vida inteira no momento é trabalho, então aqui estamos, mais de um mês depois falando sobre trabalho de novo. A boa notícia é que eu tenho trabalhado com tanta coisa e tô metida em tantos projetos que nunca vou ficar sem tema para falar aqui. E parece que não param de chegar coisas novas o tempo inteiro!

O tema de hoje é um próximo do meu coração por vários motivos, mas principalmente porque o principal motivo para eu ter me enfiado nisso é o amor da minha vida: Kira Kosarin. Antes de começar, eu só quero pedir a vocês que, se possível (e se gostarem delas) curtam as playlists que eu adicionei a este post no Spotify! Vocês vão entender porque isso é importante no meio do post.


Quem me conheceu dentro dos últimos 6 anos já ouviu essa história, mas lá vou eu contar de novo: Logo no primeiro dia de aula da faculdade de jornalismo, os veteranos invadiram nossa sala para fazer uma sessão de entrevistas zoadas. Eles perguntavam coisas sérias, coisas ridículas e imitavam as perguntas que os professores mesmo faziam. Uma dessas perguntas era "Por que você escolheu jornalismo?". Minha resposta já estava pronta: Para entrar no show da minha banda preferida com passe de imprensa.

Mesmo assim, levou outros 3 anos para que eu chegasse ao jornalismo musical como "Minha Área". Talvez fosse porque aqui no Brasil quase não existe a opção de quebrar o jornalismo em tantos pedaços que você tem a chance de falar só sobre música. Além disso, o que eu era conhecida por fazer e até meu motivo para ter entrado na faculdade de jornalismo era justamente a literatura e a escrita, então se eu fosse ser qualquer tipo de crítica, eu deveria ser crítica literária, certo? Errado. Eu nunca gostei de critica literária. É um dos motivos pelos quais eu nunca nem sonhei em fazer letras. Seguindo a lógica do "Quem não sabe fazer, critica" nada é mais justo do que eu criticar música.

Quando eu conheci MisterWives em 2015, meu universo se abriu para um mundo musical que eu nunca tinha considerado. Eu cresci ouvindo pop da Disney e as melhores do rádio. Conhecer a parte da cena indie que não vai pra Transamérica me permitiu encontrar uma música que me tocava e me conquistava de uma forma completamente diferente. Se você levar em consideração que em 2009 eu já consumia obsessivamente matérias sobre a Taylor Swift batendo de porta em porta em Nashville com o CD dela na mão e tabloides que explicavam a origem das músicas da Miley Cyrus, não é se se surpreender que música escrita na cozinha e gravada no quarto por bandas fodidas na vida fosse se tornar minha nova obsessão na vida adulta. 

E esse novo universo de músicos de realidades diferentes abiu as portas para todo um universo de jornalismo independente musical que me fez conhecer mais e mais músicos e mais e mais jornalistas. Porque apesar do que diz o editor da página da Kira na Wikipédia, não só de Rolling Stone se sustenta o jornalismo musical. Sites como o The Wild Honey Pie, o Ones To Watch, o We Found New Music, a Paper Magazine, a Atwood Magazine e é, claro, o Pitchfork se tornaram minha obsessão lá em 2015 mesmo e se tornou um sonho distante me tornar escritora nesses sites. O único problema é que eu sentia que não conhecia o suficiente sobre música e nem me sentia confortável o suficiente em inglês. E aí, respeitável público, é que entra o amor da minha vida.


Eu sempre digo pras pessoas que a Kira é minha alma gêmea e pra muita gente isso não significa porra nenhuma. Na minha humilde opinião, almas gêmeas são pessoas que são colocadas no seu percurso de vida e mudam completamente o trajeto da sua vida só com a presença delas. Kira Kosarin não me tornou quem eu sou, mas ela me ajudou a amar quem eu sou sem condições, ao me mostrar que eu mereço amor e bondade. Ela tá lá, seja pra completar ou pra equilibrar partes de mim que eu considerava imperfeitas, tornando elas aspectos de mim que eu acho foda. Eu não tô dizendo que eu nunca aprenderia a me amar do jeito que eu sou, mas a questão é que eu não tenho como saber como minha vida seria sem ela.

E no meio disso entra o amor da própria por música. Ter tido a chance de observar as formas como o amor da Kira pela música se manifesta, tanto no que ela cria, quanto no que ela ouve e aprecia é uma honra especial. Amar, apreciar e me cercar de música pode perfeitamente ser o primeiro passo para trabalhar com música. Claro que, como todos os aspectos da vida e da minha vida profissional em especial, essas coisas não são as únicas coisas necessárias. Mas às vezes quando você sonha com algo, esse desejo pode parecer completamente inalcançável e é difícil acreditar que você tem o que precisa para chegar lá. E então chega alguém que em si mesma é um sonho realizado e te ensina que o que você tem é mais que o suficiente pra alcançar seus sonhos, tudo que você precisa fazer é cuidar dessa parte de você. Isso é uma alma gêmea.



Quando eu resolvi me candidatar para escrever no The Wild Honey Pie em novembro de 2018, eu não tinha muita certeza do que esperar. Eu fiquei nervosa pela minha primeira entrevista em inglês, fiquei nervosa que não escrevesse bem o bastante para ser escolhida, fiquei nervosa que meu inglês não fosse bom o bastante para que eu fosse escolhida. Ter sido escolhida foi surreal. E que fique claro que desde o começo eu sabia que era uma vaga voluntária com algumas vantagens especiais (como ingresso pra shows dos artistas cobertos no site), mas eu também sabia que eu poderia fazer meus próprios horários e escolher a música que eu quero cobrir. Foi um desafio que eu topei porque ele me jogaria no meio do cenário musical que eu tanto amava (eu descobri o The Wild Honey Pie, por causa de MisterWives) e eu não me arrependo de nada.

Eu escrevo pro site há dois anos e meio e às vezes eu fico meses sem escrever, antes de assumir responsabilidades por três semanas. Hoje em dia, na verdade, eu tenho feito bem mais do que eu fiz nos últimos anos, simplesmente porque começaram a surgir mais artistas e mais parcerias com o site, então têm surgido novas oportunidades pagas. O que eu ganho em dólar por textos de 250-350 palavras é desesperadamente superior ao que eu ganharia escrevendo em português pra um site da minha cidade, por exemplo. E hoje eu fechei uma nova responsabilidade com eles, de curadoria (mas eu vou falar sobre isso mais pra baixo).

Trabalhar num site que eu sonhei em trabalhar por anos foi incrível, mas não foi tão fácil. Eu já tive muitos momentos que eu não conseguia escrever nada do que precisava e eu não conseguia entender porque era tão difícil. Já questionei essa vocação que veio sei lá de onde, várias vezes. Mas existe alguma coisa extremamente mágica em ouvir uma música incrível antes dela ser lançada e já estar apaixonada por ela quando ela entra no Spotify (como foi quando eu escrevi este texto sobre Ode To a Conversation Stuck on Your Throat do Del Water Gap). Existe algo de incrível em pegar uma música que eu amo e destrinchar ela com as minhas próprias palavras (como foi quando eu escrevi essa resenha de Lucky do Choker). E honestamente, se fosse fácil não valia à pena.



Em 2019, a música ficou um pouco mais mágica quando logo no comecinho de janeiro, a Kira lançou Vinyl. Já tendo começado nesse universo de jornalismo musical, eu enviei meus primeiros pitches para sites diferentes e continuei pelos meses seguintes até o lançamento do Off Brand em abril. Nunca foi aceito. Na verdade, qualquer matéria musical que eu sugeri para qualquer site do mundo só iria ser aceito em setembro do ano passado quando o Portal 4U publicou minha entrevista com a própria Kira.

As rejeições tiveram um peso poderoso sobre mim e também foram uma grande parte do motivo pelo qual era tão difícil escrever sobre música. Mas vocês me conhecem: eu sofro, fico deprimida, penso em desistir, me auto saboto por alguns meses e então desenvolvo um plano B. Qualquer coisa que me sustente e atravesse a dor da rejeição depois de meses de terapia. E foi assim que surgiu o Set List.

Pra quem ainda não conhecia, Set List é meu blog musical no Patreon. Lá eu publico playlists, resenhas, entrevistas e atualizações sobre o mundo da música. Também tem playlists especiais curadas por artistas (atualmente temos playlists exclusivas criadas por Kira Kosarin, Bahari e Sleeping Lion, mas em breve tem mais gente). As resenhas e posts são em inglês e o pagamento é em dólar, mas uma opção para quem não quer pagar imposto e/ou não sabe inglês é assinar a recompensa de R$10 do Quebrei a máquina de escrever no PicPay. A recompensa te permite acesso a todas as playlists do Set List (que são semanais) e ainda uma playlist personalizada por mês!

O Set List me permitiu não só finalmente escrever sobre a música que eu gosto e escolher sobre o quê eu gosto de escrever, ele também me permitiu ser paga pelo que eu escrevo pela primeira vez desde que eu saí da faculdade. Reconhecimento é ótimo, mas nada te deixa tão feliz quanto receber no primeiro dia do mês por algo que você ama fazer.



Além disso, foi o Set List que me introduziu ao universo da curadoria de playlists: onde artistas te pagam para colocar as músicas deles na sua playlist e pessoas te pagam para ouvir suas playlists!! Não é só fazer playlists, é claro. É realmente curar elas, dedicar um momento no flow e nas músicas escolhidas. O resultado das playlists são muito importantes pra isso, então eu tenho sido insuportável divulgando playlists nos stories (especialmente a daí de cima com meus lançamentos preferidos de 2021, que é atualizada toda sexta!). 

O Set List é um ótimo lugar para as minhas playlists curadas porque o público engaja (já que tá pagando pra isso) e esta semana eu entrei na equipe de curadoria do The Wild Honey Pie, mas eu quero muito crescer mais nesse sistema. Foi por isso, eu pedi para vocês curtirem todas as playlists desse post lá no começo. Quantos mais likes nas minhas playlists, mais fácil vai ser adentrar comunidades de curadores que vão me permitir ganhar mais para fazer mais playlists. Então, se você ainda não curtiu todas as playlists deste post e ainda não me seguiu no Spotify, a hora é agora.

E é isso, de todos os aspectos do jornalismo que eu já expressei que eu odeio, o jornalismo musical me salvou em vários sentidos. E é o motivo de eu não ter me arrependido de ter terminado a faculdade.

Até breve,
G.

P.S.: Está oficialmente liberada a pré-venda de Tormenta, meu primeiro conto exclusivo da Amazon, especial de Mês do Orgulho LGBTQIA+. Clica no link e vai ler a sinopse.

P.P.S.: Se você veio no post e leu tudo procurando o tema da Live Temática #7: O tema é ser mulher, bissexual e arromântica e eu vou falar (ainda mais) sobre a minha experiência com minhas orientações sexual e romântica e sobre ter recebido uma proposta de ménage antes mesmo de ter tido meu primeiro beijo. A live vai rolar nessa sexta às 18h. Me segue no Instagram pra não perder.