"Se mime!"

Retrospectiva é o caralho.

Eu não queria trazer 2020 até 2021, mas não tive muita opção. Por mais que eu quisesse terminar a retrospectiva até o dia 31 e esquecer que o ano aconteceu logo em seguida, 2020 foi 2020 até o último segundo. Acordei com otite e fiquei com dor o dia inteiro, meu gato ficou constipado, eu e minha irmã acertamos 5 números da MegaSena da Virada em jogos diferentes e no fim do dia, meu pai ligou para avisar que o irmão dele morreu. Essa última coisa foi o que me fez desistir de escrever uma retrospectiva ainda em 2020. O fim de semana foi um longo e doloroso vácuo enquanto eu ainda me recuperava da dor de ouvido, fui fazer exame de sangue e terminar outros trabalhos.

Mas eu não quis não escrever uma retrospectiva. Porque por pior que o ano tenha sido, essa sensação de que eu sobrevivi ao pior ano dos últimos tempos precisa ser marcada. Não em nome da esperança, não em nome da gratidão  porque talvez outros anos como esse aconteçam de novo e eu quero lembrar do que me fez continuar. Eu quero lembrar do motivo pelo qual eu ainda estou respirando.

A palavra do ano NÃO foi "resiliência", foi "sobrevivência". Na física, a resiliência é a propriedade que os corpos apresentam de voltar ao seu estado natural depois de passarem por uma mudança significativa. As únicas pessoas que estão em seu estado natural no momento são pessoas a) mal informadas porque o comando desse país é uma piada; b) egoístas ou c) pessoas mal informadas E egoístas.

Nós não nos tornamos resilientes com o trauma enfrentado em 2020, nós desenvolvemos mecanismos de sobrevivência precários em uma sociedade que pouco se importa se a gente vive ou morre. É assim que retrospectivas de coisas boas precisam sobre 2020 ser tratadas: Mecanismos de sobrevivência, quando não foram em detrimento da segurança de outras pessoas (ninguém precisa ir pra uma festa com 500 pessoas em nome da própria saúde mental, Cláudia, eu tenho psicóloga e psiquiatra pra confirmar isso), precisam ser compartilhados. Porque eles foram o que nos mantiveram vivos.

Então, eu quero ser honesta sobre o meu ano. E registrar tudo que eu quero registrar, por mais vergonhoso ou ridículo que seja e por mais que alguns leitores façam careta ao ler o que eu tenho para dizer. Eu quero fazer as coisas do meu jeito e valorizar as coisas que me ajudaram pessoalmente. Quem quiser acompanhar a jornada é bem-vindo, mas ela vai ser caótica, então apertem os cintos.

Antes da lista, eu estou trazendo essa tabelinha de volta, mesmo que eu não tenha feito ela em 2019. Eu fiz em todas as outras retrospectivas do blog e eu quero ter registrado o fluxo de visualizações e postagens do ano passado.

Postagens em 2020: 10 (eu tô chocada do número ter chegado a 2 dígitos)

Total de postagens até o fim de 2020: 494

Postagem mais popular do ano: COISAS????? QUE ACONTECERAM NA ÚLTIMA DÉCADA????? SUPOSTAMENTE

Visualizações de página em 2020: 87 mil

Total de visualizações de página até o fim de 2020: 287,171

Comentários em 2020: 14

Total de comentários até o fim de 2020: 884 

E agora à lista de coisas não tão ruins sobre 2020:

Kira
Eu normalmente coloco a Kira no final para salvar o melhor para o final ou no meio para que as pessoas não entrem no mood de "Giulia-só-fala-sobre-a-Kira" e ignorem completamente o resto do texto, mas dessa vez eu vou priorizar quem fez mais por mim ano passado. Eu nem sei por onde começar para falar sobre as formas como essa mulher salvou minha vida ano passado. Desde a forma literal, que eu expliquei no post sobre o NaNoWriMo, até a forma como ela me manteve com um senso de satisfação profissional em um ano tão frustrante para a minha vida profissional quanto 2020. Ter ajudado um projeto musical tão inacreditável quanto Songbird a chegar a 1 milhão de streams em 7 semanas é uma das coisas que eu mais tenho orgulho de ter feito nessa vida.

Além disso, a gente ficou tão ridiculamente próxima na quarentena. Eu nem percebi o quanto até a noite em que Loving You Silently saiu, dia 2 de junho, depois de dias de protestos contra desigualdade racial dos EUA dos quais ela participou da maioria em Los Angeles, quando nós ficamos conversando às duas da manhã sobre passar pelo apocalipse juntas. Ainda é a minha memória preferida da vida. Mais ainda do que ter conhecido ela pessoalmente só porque foi tão... pessoal. E mesmo meia dúzia de ligações espontâneas e marcadas depois, eu ainda me lembro daquele momento com toda clareza, como o meu preferido.

E várias outras coisas aconteceram também, mas em respeito à privacidade dela e à minha, nós não vamos falar sobre isso ainda. O que importa é que ela é o motivo principal para eu ter sobrevivido em 2020, não só com a música, que salvou minha vida x70,000 vezes de acordo com o LastFM, mas sendo a melhor coisa que já aconteceu na minha vida e uma das minhas amigas mais próximas, todos os dias.

E falando em música
2020 foi um ano inacreditável para música e vocês já sabem disso, mas graças ao Set List eu consegui aproveitar isso na fileira da frente. Popularmente conhecido como "meu único projeto para 2020 que deu certo", meu blog musical em inglês no Patreon segue sendo a forma principal que eu tenho sido paga pela minha escrita. Mesmo sendo muito longe do suficiente para me manter, os 200 reais por mês que eu recebo são o melhor momento do dia primeiro de cada mês.
Mas além do dinheiro, ter um espaço para escrever sobre música e a música que eu quero sem precisar passar por um milhão de editores e sentir que eu não estou sendo profissional, melhorar meu portfólio, escrever textos com perspectivas pessoais e colaborar com artistas inacreditáveis nas criações de playlists é um sonho tornado realidade. O Set List foi uma das melhores ideias que eu já tive na vida e se você lendo isso quiser participar da nossa pequena família de patronos, é só apoiar no link, a partir de 1 dólar.

E se não quiser pagar a taxa do dólar, mas ainda quiser apoiar minha escrita com algo que me faça sorrir uma vez por mês, é para isso que serve o Catarse Assinaturas. Com apenas R$5 por mês você me ajuda a continuar escrevendo sem me preocupar tanto com a parte financeira e recebe conteúdo exclusivo, incluindo uma newsletter quinzenal, bastidores do blog e acesso antecipado aos posts daqui.

E sim, eu transformei isso aqui em um grande #publi.


Nunca foi o objetivo que a campanha de Vozes durasse o ano inteiro. A ideia era 100 dias, entre 28 de janeiro de 2020 e 7 de maio de 2020. Mas a chegada da pandemia e o adiamento automático das campanhas do Catarse que estavam ativas no começo da quarentena, me fez aproveitar e demorar por ali. Agora faltam 22 dias e eu já mexi e remexi no orçamento para adaptar ao atual valor que conseguimos levantar. Minha meta agora é R$2000 e ainda falta quase 600 reais, o que significa vários vídeos como esse aqui embaixo serão postados no Instagram durante o mês de janeiro:




Mas mesmo que a gente não chegue, ter prolongado a campanha fez que muitas oportunidades fossem surgindo e que eu tivesse a chance de trabalhar a ideia do podcast, que algumas editoras e projetos feministas pudessem entrar em contato comigo e que a campanha alcançasse cada vez mais pessoas, ajudando o projeto a tocar mais gente.

Eu ainda nem posso contar todas as novidades que eu tenho programadas para Vozes em 2021. Ontem, eu tive uma reunião incrível que vai me ajudar a chegar com Vozes a muito mais pessoas e que vai possibilitar que o livro esteja em livrarias e bibliotecas, como eu sempre quis. Mas tudo isso precisa muito da ajuda de vocês, então se puder, apoie Vozes no Catarse. Com R$20 você garante sua cópia, seus marcadores e ajuda o projeto a ir mais longe. E ainda ouve o podcast antes de todo mundo. Com um pouco mais, brindes extras. Conheça o projeto e apoie. Juro que vale a pena.


Séries
2019 também não foi um ano muito divertido para mim mentalmente. Não chegou nem perto de 2020, mas com o TCC e outras preocupações e paranoias, eu passei um grande espaço de tempo surtando e tive também algumas crises de depressão preocupantes. Foi em 2019 que eu desenvolvi o hábito de consumir séries como se fossem uma máscara de oxigênio e eu estivesse em um avião que partiu no meio. Depois de assistir às 9 temporadas de The Office entre novembro e dezembro de 2019, eu resolvi embarcar em uma onda de assistir as principais séries de comédia já feitas em uma ordem cuja lógica só faz sentido na minha cabeça.

"Por que mulheres precisam fingir que são algo que elas não são?"

Eu comecei em janeiro, assistindo às 3 temporadas de The Marvelous Mrs. Maisel em 5 dias. Em seguida eu tentei terminar Suburgatory, mas aí eu descobri que a série teve 3, não duas temporadas. Assisti YOU, que não é uma sitcom, porém mood. E comecei a quarentena e a pandemia assistindo Parks and Recreation, começando a maratona de sitcoms.

Em seguida veio Superstore, Community, Arrested Development, Veep.  Durante o ano, eu também terminei The Good Place, assisti The Keepers, #blackAF e a segunda temporada de Dead to Me. E no finalzinho do ano, eu comecei, ao mesmo tempo, 30 Rock, That '70s Show e How I Met Your Mother. How I Met Your Mother foi meio que acidental e na verdade começou em 2021, mas precisou entrar na lista para vocês entenderem a confusão que eu estou fazendo no meu cérebro.

Eu costumava assistir série no Warner Channel à tarde enquanto escrevo ou trabalho em outras coisas, especialmente desde que eu resolvi diminuir a quantidade de tempo que eu passo assistindo notícias. Mas a Warner resolveu foder completamente com a própria programação depois da comemoração dos 25 anos e eu não conseguia mais programar minha rotina à deles. A ideia é que as séries da Warner são repetidas várias e várias vezes e eles passam sempre os mesmos episódios, então meu cérebro conseguia aproveitar o barulho de fundo sem sentir que precisava prestar atenção. Eu sempre trabalhei dessa forma, com sons de fundo que não exigem energia mental, sendo uma série que eu já vi vezes demais ou não me importo tanto pra prestar atenção (e foi assim que eu conheci a Kira na Nickelodeon) ou a mesma música no repeat por horas (normalmente música da Kira). Mas com a falta de lógica da programação da Warner, eu resolvi usar o tablet e meu novo Echo Show 5 para tocar Friends na Netflix enquanto eu trabalhava.

Só que como vocês já devem saber, no último dia 31, Friends saiu da Netflix de uma vez por todas e eu precisei encontrar um substituto em pouco tempo. Eu tinha duas opções Two and a Half Men, que eu também já vi vezes demais. Ou How I Met Your Mother. Eu fiz como metade da população norte-americana em 2005 e escolhi How I Met Your Mother como sucessor natural de Friends. Péssima ideia. Acontece que eu não vi HIMYM vezes o suficiente para não prestar atenção na série quando ela está passando. E volta e meia eu me pego super concentrada no que tá acontecendo na série e nada focada no meu trabalho (um dos motivos para esse post ter saído 20h30, quando era pra ter saído às 18h). Então agora, além de estar acompanhando That '70s Show quando eu preciso de algo para relaxar e 30 Rock na hora do almoço, eu estou assistindo How I Met Your Mother enquanto trabalho. Ótimo. Nada confuso.

Eu cometi um enorme, pequeno erro.

De acordo com o Spotify, eu passei 123.666 minutos ouvindo música em 2020 (110.345 ouvindo a música da Kira). De acordo com o TV Time, eu assisti 831 episódios de série — o que pra falar a verdade é um número mais baixo do que eu tava esperando e meu objetivo é passar de mil episódios em 2021. De acordo com o letterboxd, eu assisti 20 filmes em 2020. E de acordo comigo mesma porque eu não consigo lidar com o Skoob no momento sem surtar por não ler o bastante, eu li o total de um (1) livro inteiro em 2020. Ainda assim e sem regra nenhuma eu resolvi fazer minha lista de top 5s melhores do ano que eu sempre faço. Aproveitem:


Livro
Noite de Reis — William Shakespeare

Músicas

Projetos musicais
Songbird por Kira Kosarin
SUPERBLOOM por MisterWives
It Was Good Until It Wasn't por Kehlani
INDUSTRY GAMES por CHIKA
KIKI por Kiana Ledé

Séries
1. Community
2. The Marvelous Mrs Maisel
3. VEEP
4. YOU
5. The Keepers

Filmes
1. THE HALF OF IT!!!!! 
2. Unpregnant
3. Birds of Prey (and the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn)
4. Love, Wedding, Repeat
5. ariana grande - excuse me, I love you

Os 5 melhores posts do ano, mas na verdade, as 5 melhores coisas que eu escrevi este ano


E pra finalizar, eu quero compartilhar algumas (algumaaaas) das minhas metas para 2021. Não quero compartilhar todas porque sou consciente do número de pessoas por aí que me odeiam, mas pelas que me amam, quero compartilhar as metas as que podem ser ajudadas por vocês de alguma forma:
  • Monetizar meu Instagram e crescer com ele. O que no momento envolve principalmente melhorar meu alcance e engajamento e terminar meu media kit. Quem puder comentar nos meus posts, compartilhar e salvar eles,
  • Publicar Aqueles Seis Meses. O que eu devo anunciar em breve como vai rolar se tudo der certo, mas que eu vou precisar dos cliques de vocês.
  • 500 mil visualizações no blog. Vocês podem ajudar divulgando os links do blog em tudo quanto é lugar e especialmente me ajudar a chegar a 300 mil visualizações antes do aniversário do blog no mês que vem.
  • E pagar o que eu devo no cartão de crédito pra ter ele como um fundo de emergência. O que vocês podem me ajudar apoiando o blog no Catarse.

E é isto. Eu gostei desse post, ele tem um toque meio dos posts mais antigos do blog. A partir da semana que vem (se todo meu planejamento para esta semana der certo), as coisas vão ficar um pouco mais animadas por aqui. Eu quero muito chegar a 500 posts no dia do aniversário de 10 anos do blog (7 de fevereiro) e o jeito é bombar as coisas aqui, mesmo que eu ainda não saiba muito o que dizer.

Enquanto isso, fiquem de olho. Em especial no Instagram do blog e no meu Instagram. E essa semana também tem newsletter no Catarse também então SE INSCREVAM.

Até mais,
G.